sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Vamos falar sobre amamentação?



Acho que, no Brasil, a maioria das mães deseja amamentar seu filho. Talvez não da forma como a Organização Mundial de Saúde recomenda (amamentação exclusiva até 6 meses, como principal alimento até 1 ano e como suplementar PELO MENOS até 2 anos de idade), mas querem amamentar. E acham que a amamentação é algo simples, belo e intuitivo: põe o bebê no peito, ele suga. Pronto, resolvido.

Manas, não é bem assim que funciona...! Primeiro que, quando o bebê nasce, você não ganha automaticamente peitos fartos de leite; o leite só vai descer mesmo lá pelo terceiro dia após o parto. Antes disso, temos o colostro: ele é bem líquido, pouquinho, amarelado quase transparente. O colostro deve ser dado ao bebê o mais rapidamente possível após o nascimento do bebê, pois ele é repleto de anticorpos que protegem a criança, transmitindo para o bebê informações sobre os micro-organismos com os quais a mãe teve em contato ao longo da vida. Além disso, é rico em proteínas, água e gorduras essenciais, bem adaptado às necessidades do recém-nascido. Esse colostro é o alimento que os bebês precisam ao nascer, sem tirar nem pôr. Não é necessário oferecer complemento porque o leite ainda não veio, é só deixar bastante o bebê no seio para mamar o colostro - o que estimula o leite a descer. Em muitos hospitais, é oferecido o complemento para os recém-nascidos. Mas, futuras mamães, o leite é produzido por estímulo: quanto menos o bebê sugar, mais o leite demora para descer. E se ele estiver de barriguinha mega cheia de complemento, não vai querer sugar. Entenderam o círculo vicioso que o complemento gera? E sempre vai ter alguém que vai dizer que o leite é fraco, que o bebê está com fome, etc. Mas já pararam para pensar que um bebê que acabou de sair do útero tem muitos, muitos motivos para chorar além da fome?

O segundo ponto de dificuldade em estabelecer a amamentação é o raio da pega. A pega é a base de uma amamentação tranquila. Se o bebê pega corretamente o seio, consegue mamar tudo o que precisa e não machuca a mãe. Se a pega não estiver correta, pode mamar pouco, engolir muito ar, machucar o seio materno. Só que (pode acreditar!) o bebê não nasce sabendo pegar o seio. Mãe e bebê precisam aprender a fazer isso juntos! Pode ser que, principalmente no início, você tenha que retirar e colocar o seio várias vezes até que seu bebê acerte a pega, e que isso se repita a cada vez que ele for mamar. É importante essa correção, para que você não se machuque, a dor ao amamentar não é normal! Para a pega ser feita corretamente, é preciso que o bebê abocanhe boa parte da aréola, e não apenas o bico. A boquinha tem que ficar bem aberta. https://www.youtube.com/watch?v=scsAp3CaKfA
Se estiver doendo, provavelmente a pega está errada. Peça ajuda! Muitas mães só chegam ao banco de leite quando o mamilo já está rachado, muito ferido, quando ela já não aguenta mais de dor. Não espere chegar a esse ponto! Se estiver difícil, vá logo a um banco de leite com seu bebê, que você será super bem orientada.


O terceiro ponto complicado é a apojadura, ou seja, quando o leite desce. Porque manas, quando o leite desce, ele DEEEEEESCE.... kkkkkk! Seu organismo ainda não sabe o quanto seu bebê irá mamar, então ele se prepara para um super bebê mega esganado que vai querer mamar litros a cada minuto! As mamas ficam muito cheias e duras, e se você não souber lidar com esse momento, pode acabar tendo leite empedrado ou até mesmo uma mastite. Vamos lá: se o seio estiver muito cheio e muito duro, o bebê não consegue pegar direito. Então é bom massagear o seio e ordenhar um pouco de leite (no momento: vamos nos sentir vaquinhas) e só depois oferecer ao bebê. https://www.youtube.com/watch?v=gW7jqzdX1hc

Aos poucos, a produção de leite entra em um equilíbrio, os seios não enchem tanto, e aí vem o quarto ponto difícil na amamentação: a crise do "não tenho leite". Tem sim! Você só está produzindo leite de forma adequada ao seu bebê, não está mais jorrando leite do peito, mas pode crer que, quando ele mama, sai leite, se não ele abriria o berreiro. E se mesmo assim ficar cismada, lembre-se de que quanto mais o bebê mama, mais leite a mãe produz, então coloque-o para mamar com mais frequência.

E o quinto momento difícil da amamentação: seguir amamentando! Porque olhe, minha gente... É tanto palpite... É tanta gente querendo dizer quando, como, onde ou que tanto esse bebê deve mamar... Lembre-se das recomendações da Organização Mundial de Saúde: livre demanda, amamentação exclusiva até 6 meses e seguir amamentando por 2 anos ou mais. Qualquer pitaco diferente disso pode - e deve - ser ignorado. Mas atenção: eu disse que os pitacos devem ser ignorados, não aquilo que a sua intuição te diz. Cada mãe sabe exatamente o momento de desmamar sua cria. É o momento do "não dá mais". "Não aguento mais dar peito de madrugada!" É quando você tira a mamada noturna. "Não aguento mais dar o peito o tempo todo!" É quando você interrompe a livre demanda. De alguma forma, a gente sabe.


Por fim, lembrem-se de que, principalmente no início, amamentar exige concentração. Procure um lugar tranquilo, em silêncio. Olhe bem nos olhos do bebê, tenha paciência com esse momento. Se estiverem com dificuldades, procure antes de oferecer o seio colocar seu filho pele a pele com você, e ir guiando para o seio aos poucos. Desejo que tenham uma linda lua-de-leite!!!

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Intervenções de parto

Quais são as principais intervenções de parto que as mulheres sofrem?
Gente, esse post é apenas um resumo bem resumidinho mesmo das principais intervenções que as mulheres sofrem quando decidem ter um parto normal. Vale a pena pesquisar e aprofundar um pouquinho em cada uma delas, para que você seja capaz de entender exatamente o que cada uma dessas intervenções faz e, na hora do trabalho de parto, ser capaz de escolher conscientemente o que quer que seja feito ou não.

1.       Administração de ocitocina sintética. A ocitocina sintética é utilizada para induzir ou acelerar o trabalho de parto. A principal consequência negativa é que as contrações vêm muito mais frequentes e doloridas, o que aumenta a chance de a mãe desistir do parto normal e de o bebê entrar em sofrimento fetal. Para ler mais e entender melhor, clique aqui: http://douladebrasilia.blogspot.com.br/2015/08/os-hormonios-do-parto.html
2.       Analgesia. A princípio, parece uma ideia maravilhosa. Parir uma criança sem sentir dor, quem não quer? E olha que os bons anestesistas conseguem aplicar uma dose tão pequena que a gente ainda é capaz de sentir as contrações, mas com bem menos dor. O problema é que a gente pode até sentir as contrações, mas não sente os “puxos”, que são aquela vontade doida de fazer força no período expulsivo, uma força que você faz naturalmente porque não consegue deixar de fazê-la. Com analgesia, você não sabe quando com como fazer força, e aí o expulsivo tende a ser mais longo e difícil, a mulher fica exausta porque faz muita força de modo não efetivo para expulsão do bebê. Isso acaba levando às intervenções 3 e 4.
3.       Kristeller. Uma das maiores atrocidades do nosso sistema obstétrico. É quando o médico ou enfermeira “sobem” em cima da barriga da mulher, empurrando o bebê para que ele desça. Todas as evidências científicas condenam o método e na maioria dos partos ele não é usado, mas volta e meia ouço o relato de um profissional desatualizado que aplicou esse método desastrado. Gente, o bebê tem seu próprio processo no expulsivo. Ele vai, aos pouquinhos, achando o caminho dele, descendo, encaixando. Quando você empurra ele de uma vez, isso vai certamente machucar tanto mãe quanto bebê, aumentando gravemente os riscos de hemorragia e lacerações graves!
4.       Episiotomia. Não há qualquer evidência científica de que a episiotomia (corte na vagina da mulher) diminua o tempo do período expulsivo, e é essa a desculpa com que ela é usada. A maioria dos médicos usa episio de rotina! Para ler mais e entender melhor, clique aqui: http://douladebrasilia.blogspot.com.br/2015/08/e-episiotomia.html

5.       Puxar o cordão para a placenta sair logo. A placenta deve ser parida após o bebê nascer. A mulher volta a sentir algumas contrações e expulsa a placenta que, na maioria dos casos, sai inteira e linda. Algo que ajuda muito nesse processo é colocar o bebê no seio para mamar, mas como na maioria dos hospitais, principalmente os particulares, ainda se separa logo o bebê da mãe, perde-se esse momento tão especial. O problema é que puxar a placenta aumenta os riscos de ficar algum pedacinho dela lá dentro, de ela “quebrar”, e aí os riscos de hemorragia e infecção são bem maiores.

E a episiotomia?

Episiotomia é uma intervenção cirúrgica feita no parto vaginal, em que um corte é feito entre a vagina e o ânus da mulher, a fim de facilitar a saída do bebê. Outra vantagem da episiotomia seria a de prevenir lacerações espontâneas, preservando a saúde genital. A sutura ("costura") da episiotomia é chamada de episiorrafia. Além dos pontos necessários para fechar a episio, alguns obstetras dão também o famoso "ponto do marido", um ponto a mais do que o necessário, para deixar a mulher mais 'apertada', como se tivesse ficado virgem de novo.

Por que a episiotomia é desnecessária?

1. É possível preparar o períneo para que não haja laceração. Exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico e massagens no períneo aumentam a força e a elasticidade da vagina.
2. A simples mudança na posição do expulsivo já aumenta significativamente o canal de parto. Se a mulher ficar de cócoras, o canal vaginal abre 30% em relação à posição deitada de barriga pra cima.
3. Lacerações graves geralmente são causadas não pela saída do bebê em si, mas por outras intervenções de parto (analgesia, puxos dirigidos e a abominável manobra de kristeller, por exemplo).
4. Em um parto sem intervenções, mesmo que haja uma laceração, ela dificilmente vai atingir a camada muscular, a qual é cortada na episio.
5. Mesmo que haja uma laceração, ela vai seguir o desenho natural do tecido, em uma sutura mais “chatinha” de fazer do que o traço reto de uma episio, mas que tem recuperação bem mais rápida.
6. A verdade é que a episiotomia não diminui significativamente o tempo do expulsivo e não impede sequelas para o assoalho pélvico.
7. A episiotomia aumenta a perda de sangue no parto.
8. A episiotomia aumenta a chance de dores pós parto.
9. Os supostos benefícios da episio não compensam seus riscos.
10. O “ponto do marido” costuma gerar como consequência muita dor e incômodo nas primeiras relações sexuais, e não é raro que tenha que ser corrigido cirurgicamente para que a mulher possa voltar a ter relações sexuais.

A única coisa mais grave do que milhões de mulheres terem suas vaginas cortadas desnecessariamente no parto é o fato de elas terem suas vaginas cortadas sem sequer serem avisadas disso! Muitos médicos sequer registram no prontuário que a episiotomia foi realizada. Cortam sem avisar, suturam sem avisar, dão o “ponto do marido” sem avisar. Daí a importância de discutir esse assunto com o obstetra antes de entrar em trabalho de parto, de registrar no plano de parto o desejo de não ser submetida a episiotomia e de, caso ela seja necessária por algum motivo, que o médico aguarde o seu consentimento.

Gostou do post? Acompanhe o blog! Sempre temos muitas informações interessantes e atualizadas para as futuras mães!






quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Nascimento do João! =]


E porque coração de grávida tem que ser muito forte e estar sempre cheio de afeto, quando cheguei em casa ontem, da cesariana da Raquel (post anterior) lembrei que a Mônica tinha consulta às 9h e mandei mensagem perguntando como tinha sido. Ela estava completamente zonza com o resultado de seu ultrassom: 2,4 de líquido amniótico (repetido três vezes pela médica e revisado pelo chefe da médica) e constatação de baixa vitalidade fetal.
A Mônica, dentre as minhas doulandas, foi uma das mais presentes e mais bem preparadas para o parto normal. Por ter uma cesárea anterior que foi bem traumática física e psicologicamente, ela estava firmemente decidida a entrar em trabalho de parto, leu muito, frequentou várias rodas e estava pronta para peitar todo um sistema obstétrico para conseguir entrar em trabalho de parto e parir. Ela estava firmemente decidida a não se deixar enganar e cair em uma cesárea sem necessidade.
Só que aí está o detalhe, né?! Existem situações em que só podemos agradecer ao universo a existência dos médicos e da cesariana, e essa era uma dessas. A indicação de cirurgia era correta e real. Claro que de início foi bem difícil para a Mônica - e para mim, confesso) lidar com a frustração de um plano tão bem delimitado. Trabalhei bastante em mim primeiro, depois fui para a casa dela. Lá, fiz uma massagem e conversamos bem, sobre como planejamos o parto normal exatamente pensando no melhor para o João, e que se o melhor para o João não é mais o parto normal, temos que aceitar com alegria. Orientei a ela que conversasse com o anestesia sobre as reações ruins que ela teve da última vez.
Como a irmã dela é enfermeira e o marido já ia acompanhá-la, achei por bem não ir ao hospital tentar entrar, e deixar esse privilégio para a irmã dela, que acompanhou tudo e me mandou fotos. No horário da cirurgia, convoquei todas as doulandas para orarmos e mandarmos vibrações positivas para que a Mônica não se sentisse triste nem sozinha após a cesariana, na recuperação. E dormi tranquila sabendo que mãe e bebê estavam ótimos e que João era lindo!
Hoje, fui visitá-la. Estava bem, bonita, amamentando, tranquila. Fiquei muito, muito orgulhosa da Mônica. E ainda ganhei presentes! O melhor deles foi uma foto dela grávida, com os dizeres: "Obrigada por fazer parte da luta pelo empoderamento e protagonismo da mulher no parto". Fiquei profundamente emocionada e grata por ter feito parte desse processo.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Nascimento de Alice, filha de Raquel, neta de Júlia

Raquel me mandou mensagem na segunda-feira cedinho, dizendo que estava com contrações desde 2h da manhã, com dores fortes, mas suportáveis, e sem perda de líquido. Ela mora em Santo Antônio do Descoberto e eu em Águas Claras, mas fiquei preocupada por ser a primeira vez que ela entrava em trabalho de parto, quis tranquilizar a família e ensinar a ela como lidar com as contrações. Então tomei um banho, café da manhã, deixei meu filho na escola e fui encontrá-la.
Chegando lá, a casa estava cheia. Marido, duas irmãs, sobrinha, logo chegou a mãe também. Conversei com ela, acompanhei algumas contrações, ensinei aos acompanhantes como aliviar a dor, tranquilizei a família. Vi que as contrações estavam bem irregulares, então deixei Raquel nas boas mãos da família e fui buscar meu filho, almoçar e descansar um pouco.
Voltei para a casa da Raquel lá pelas 15h. As contrações continuavam irregulares e a casa continuava cheia. As contrações estavam bem mais doloridas, então fiz bastante massagem para aliviar e, quando ela estava mais tranquila, saímos para caminhar. Durante toda a caminhada, com direito a parada para agachamentos no parquinho, as contrações param totalmente. Quando voltamos para casa e o corpo dela esfriou, elas começaram a vir fortes e entrando em um ritmo de uma a cada 6, 7 minutos, mais doloridas. Achei que o trabalho de parto fosse engrenar ali, mas elas perderam o ritmo.
Já eram umas 19h quando chamei Raquel e o marido no quarto, apaguei a luz, coloquei uma música e deixei os dois namorando e ela com a missão de rebolar e agachar pra ver se as contrações engrenavam. Ela logo se queixou de cansaço e sono, então falei para ela deitar e descansar, e tive a sensação de que não seria aquele o dia do nascimento da Alice. Ela foi deitar, mas não ficou meia hora deitada e foi pro banho. No meu entendimento, era hora de ela descansar e poupar energia para o parto, sossegar. Mas a família estava começando a ficar visivelmente tensa e com medo de algo estar errado. Reuni todos na sala para explicar que ela não estava ainda em trabalho de parto ativo, que eram apenas os pródromos, e que aquele estado podia durar muitos dias. Orientei a, caso eles se sentissem inseguros, que fossem ao posto de Santo Antônio mesmo para que o médico ouvisse os batimentos cardíacos do bebê e fui para casa descansar.
Pouco depois, ela me mandou mensagem dizendo que estava indo para o Hospital da Samambaia. Aí começou o circo de horrores... No hospital da Samambaia, não queriam atendê-la porque o pré-natal tinha sido eito na Ceilândia. Insisti muito e eles a avaliaram. Ela estava cm 1cm de dilatação apenas. Ela ficou desesperada, mesmo eu explicando que no primeiro parto a dilatação demora mais porque primeiro o colo do útero tem que apagar para depois dilatar. A madrugada em claro e a falta de sono durante o dia começaram a pesar. Eram cerca de 23h quando ela decidiu ir para o Hospital de Ceilândia, para onde ela não queria ir, mas concluiu que seria a única opção. Falei que seria melhor ela ir para casa e esperar pelo menos até a manhã seguinte, descansar, mas ela estava mesmo muito nervosa e decidiu tentar ser atendida no HRC e pedir a cesárea, que imaginei que seria feita por ela já estar com 41+3 semanas.
No Hospital da Ceilândia, um daqueles espécimes de "profissional" que faz a gente temer pelo futuro dos seres humanos. Um médico tosquíssimo, que não deixou ela entrar acompanhada, que fez um toque brutal dizendo "Tava com 1 cm? Peraí! (forçando a abertura na marra) Agora tá com três!". Ela gritou de dor com o 'toque' cruel, e ouviu "Cala essa boca! Levanta da maca e senta naquela cadeira! Rápido!". O resto de tranquilidade e sanidade que a Raquel tinha a abandonou nesse momento e ela chorava muito. Resolveu que naquele hospital, com aquele médico, ela não ficaria mais e foi para o HMIB. Lá, o médico queria induzir o parto. Já estava quase amanhecendo, 28 horas com contrações e segunda noite sem dormir, ela implorou por uma cesariana, mas não a ouviram, dizendo que ela "ainda aguentava muito".
Ela decidiu, então, fazer um sacrifício nada pequeno e pagar pela realização de uma cesariana em um hospital particular. Foi, então, internada e, às 9h25min, nasceu Alice, com 51cm e 3.865kg. Forte, gordinha, linda demais da conta. Mãe e filha passam bem, Raquel provavelmente dormirá o resto do dia de tão exausta.
E a doula aqui, vai passar o dia digerindo, sabe?! Tentando digerir esse sistema que maltrata, que humilha, que rebaixa a mulher num momento tão importante. Tentando entender o medo que as pessoas têm do parto e a necessidade de estar em um hospital. Tentando absorver a quantidade de procedimentos cruéis e desnecessários que é feita num recém-nascido. Tentando compreender porque esses procedimentos não podem ser feitos ao lado da mãe, por que essa criança é levada para outra sala. Tentando aceitar que, por risco de infecção, assim que o bebê nasce a mulher não pode mais ter um acompanhante ao seu lado. Tentando crer que toda vez que eu, como doula, quiser ver um bebê de doulanda minha nascer vou ter que implorar e aceitar pacificamente ser deixada de lado na hora que aquela mulher mais precisa do meu apoio. A doula está aqui de estômago embrulhado, percebendo claramente como são duros os limites de sua profissão.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Nascimento de Mallu

Conheci a Ludy pelo facebook, já beeeem no finalzinho da gravidez, justamente procurando respostas sobre os sinais do trabalho de parto. Ontem, por volta das 21h, ela me avisou que estava com dores e sangrando um pouco. Chegou ao hospital de Sobradinho com 4cm de dilatação e já foi internada. O marido, Paulo, tentou, ela tentou, mas não teve jeito: eles não deixam a doula entrar, a não ser que o acompanhante saia. Então tive que me contentar em doular virtualmente, bendito whatsapp! Gravei alguns áudios de encorajamento pra ela, explicando como lidar com as contrações, e fui me comunicando com ele, tirando as dúvidas e ensinando o que ele poderia fazer para amenizar as dores dela. Às 5:50 mensagem dele me contando que ela havia entrado na partolândia (que eu expliquei direitinho pra ele o que era antes). Às 6:30 ele parou de responder ao celular. Às 6:54, recebi a mensagem da alegria, dizendo que a pequena e linda Mallu (olha essa boquinha, gente! Parece que passaram batom!) já estava fora da barriga, e que ela e a super mamãe Ludy estavam bem.
Parabéns, Ludy! Parabéns, Paulo! Tenho certeza de que, depois desse parto, a conexão entre vocês está ainda mais forte, e que Mallu terá pais maravilhosos! Boa lua-de-leite, e contem comigo para o que precisarem!

domingo, 9 de agosto de 2015

Placenta e cordão umbilical

A placenta é um órgão que só existe durante a gravidez. Ela serve principalmente para nutrir o bebê no útero – os nutrientes chegam até ele pelo cordão umbilical-, mas também para aconchega-lo dentro do útero (e protegê-lo de impactos) e para liberar alguns hormônios essenciais durante a gravidez e o parto. Ela não nasce com o corpo da mulher, mas nasce nesse corpo durante a gestação  e não pertence a ele, já que após o nascimento a placenta – já tendo cumprido a sua missão – vai embora. Ela é a protetora, a mantenedora , a cuidadora do bebê durante a gravidez, e quando esse bebê nasce ela também não o acompanha, pois agora ele já pode ser protegido, mantido e cuidado pela mãe.



Quando o bebê nasce, a placenta não para imediatamente de alimentar e nutrir o bebê. Se logo após o nascimento você reparar no cordão, vai ver que ainda há pulso, sangue correndo por ele. Isso porque o nascimento é uma transição: o bebê recebia oxigênio e nutrientes pelo cordão e vai passar a respirar ar e receber o alimento do leite materno. Se o cordão não for cortado logo após o nascimento, essa transição acontecerá de modo suave – aos poucos o bebê para de receber oxigênio da placenta e começa a respirar, ou seja, aprende a respirar tranquilamente; se ele é cortado assim que o bebê nasce, a respiração ocorre de forma muito mais brusca e dolorida. Só que esse “restinho” de sangue que o bebê recebe se o cordão não é clampeado imediatamente faz MUITA diferença: garante um suprimento de ferro e reduz muito o risco de o bebê ter anemia – inclusive na vida adulta . O cordão pode pulsar durante vários minutos (há relatos de cordão que seguiu pulsando por 40 minutos após o nascimento do bebê), e eu só posso concluir que ele pulsa enquanto o bebê ainda precisa. Vale lembrar que o cordão costuma ter tamanho suficiente para que o bebê vá para o colo da mãe após o nascimento. É bom questionar as razões dessa pressa em cortar o cordão, se deixá-lo pulsar não traz nenhum malefício para a mãe.




Então o bebê nasce, é levado diretamente para o colo da mãe e começa a sugar o seio; o cordão não foi clampeado e a criança ainda está ligada à placenta e recebendo nutrientes dela enquanto for necessário. Essa secção estimula o útero a se contrair e a mãe a produzir ocitocina, o que faz com que a placenta seja expulsa naturalmente. A expulsão natural da placenta diminui os riscos de hemorragia ou de ficarem pedaços da placenta para trás, o que pode causar infecção. Não se deve, portanto, puxar a placenta, mas sim esperar que ela saia naturalmente.



Após o parto, nos hospitais, a placenta costuma ser descartada sem que a mulher sequer a veja. Muitas mulheres não querem mesmo vê-la, naquela coisa de que tudo que sai do nosso corpo é sujo e é nojento. Mas quando você parir, lembre-se de que aquele órgão foi o responsável por manter seu filho vivo dentro de você, que ele foi criado e viveu apenas para isso. Que tal levá-la com você após o parto, enterrá-la e no local plantar uma árvore? Ela servirá para nutrir uma nova vida, que nascerá na mesma época do seu filho. Sempre que vocês olharem para essa árvore, poderão se lembrar da experiência mágica e transformadora que foi, para ambos, a gravidez e o nascimento.


quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Até quando esperar se há diabetes gestacional?

Essa da foto é a Mônica, sou doula dela. Durante a gravidez, ela desenvolveu diabetes gestacional, e desde então vem se cuidando super bem, com uma alimentação bem balanceada e sempre monitorando os níveis de açúcar no sangue. Faz acompanhamento pelo convênio, e a opinião do médico sobre ela querer entrar em trabalho de parto está aí na foto.
O mais interessante não é o que ele disse para ela, embora absurdo. É, na consulta seguinte, ele sequer se lembrar de quem ela era e dizer que ela poderia esperar até as 40 semanas.
Alguém me explica o que aconteceu? Ele mudou a conduta médica dele de uma semana para outra e resolveu que não era mais irresponsabilidade esperar mais de 39 ou será que a agenda dele para a semana em que ela completaria 39 não estava propícia e aí subitamente 40 era seguro?
Em tempo, as evidências científicas modernas indicam que, se as taxas de açúcar da mãe estão sob controle e o bebê está sendo monitorado, não há por que interromper precocemente a gravidez, podendo-se chegar a 42 como qualquer outra gestação.


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Motivos para amamentar e histórias de amamentação



1. O leite materno é PERFEITO. Sério, gente! É o alimento que sacia tanto a fome quanto a sede, que tem a composição nutricional ideal para o bebê, que vem na temperatura certa para ele!
2. É de graçaaaaaa! Fórmula artificial é caro, mamadeira é caro, você gasta uma grana por algo que tem de graça de melhor qualidade.
3. O bebê recebe anticorpos e fica mais protegido contra doenças e alergias.
4. O leite materno é de fácil digestão.
5. O ato de mamar melhora a formação da boca e o alinhamento dos dentes do bebê.
6. Amamentar queima calorias. Emoticon smile
7. O sangramento pós parto dura menos em mulheres que amamentam.
8. Os leites artificiais aumentam o risco de alergia a leite de vaca.
9. A UNICEF calcula que um milhão e meio de crianças morrem por ano por falta de aleitamento materno. E não se pense que é só nos países do terceiro mundo. Mesmo nos países industrializados muitas mortes se poderiam evitar com o aleitamento materno.
10. Aumenta o vínculo afetivo entre mãe e bebê.
Mas Elisa... olha só, eu estou com dificuldades para a amamentar... O bico do meu peito é invertido, está rachado, dói muito, está empedrando... Eu só tenho três dias para te dar:
1. Vá a um banco de leite.
2. VÁ A UM BANCO DE LEITE!
3. VÁ-A´-UM-BANCO-DE-LEITEEEEEEEEE!!!!!!
Quero pedir aqui a gentileza de, se alguém com dificuldade de amamentar foi pedir socorro no banco de leite, que conte sua experiência. Todos os relatos que ouço é como a visita ao banco de leite fez com que se corrigisse pega, que se entendesse como ordenhar, enfim, sempre uma orientação bem feita, carinhosa e efetiva.
Também quero abrir o post para todas que queiram postar fotos amamentando. Vamos comemorar a SEMANA MUNDIAL DA AMAMENTAÇÃO!


Essa sou eu amamentando Alice, minha mais velha, um dia depois do aniversário dela, em Gramado-RS. A amamentação sempre foi muito mais para nós duas do que alimentação, qualquer chorinho dela eu colocava no peito e resolvia! 


Essa é a Luégela Lourenço amamentando a Agnes Sofia. Depoimento dela: "Graças a Deus não tive problema nenhum pra amamentar. Meu leite não é aquele que jorra mas nutre bem minha pequena... pretendo amamentar até os 2 anos. Amo amamentar e ela ama o pepê"


Thaís Araujo amamentando Isabela. Depoimento dela: "Amamentando a minha Bela, de 47 dias! Isso só foi possível por causa da assistência do Banco de Leite. Na nossa primeira semana juntas, Isabela perdeu peso. Em sua primeira consulta ao pediatra, fui aconselhada a procurar o banco de leite, pois além da perda de peso, meu peito estava hiper machucado. Estava tbm cheio demais, empedrando! Tive até febre! Fui até lá e Descobri que minha filha estava com a pega errada. Me ensinaram a corrigir a pega, fazer exercícios com o dedinho e fizemos translactação para recuperar o peso perdido. Além disso, descobri que estava com Cândida mamária... Recebi do banco de leite todo o suporte para cuidar do meu seio. Tive Informação, me passaram dieta, aprendi a ordenhar. Hoje, minha filha está uma bolinha! Amamentar é uma delicia e ainda dividimos o nosso leitinho com outras crianças, pois viramos doadoras. Não sei de manteria a amamentação exclusiva em livre demanda se não fosse pelo banco de leite."

Lorenna Resende amamentando o Eduardo. "O Eduardo tem 3 dias de vida e já pega direitinho o peito. Doeu muito no início mas estou amando a experiência."




Karen Barcelos amamentando Mila (1ª foto) e Duda (2ª foto). Depoimento dela: "Amamentando minha princesa Mila há 16 anos atrás e amamentando a Dudinha hoje... Olhos que me olham além do olhar,,,"




Natália Carvalho amamentando a Jéssica. Depoimento dela: "Escolhi essa foto de quando a Jessicah tinha um pouco mais de um mês para lembrar que amamentar é um ato familiar e comunitário. Dizer que a amamentação é um processo fisiológico natural, não significa dizer que seja fácil. É um processo que solicita muito da mulher fisica e emocionalmente. Para amamentar, uma mulher precisa de apoio, suporte, empatia, solidariedade. Se você apoia a amamentação, acolhe e cuide da mulher que amamenta!
Sugestões para apoiar uma mulher que amamenta no primeiro mês de vida do bebê, na humilde opinião dessa mãe aqui:
1) Ajude ela a descansar:
Cuidar de um recém nascido geralmente é exaustivo e desafiador, especialmente para mães de primeira viagem. Se ofereça para estar com o bebê por um tempo, para que a mãe possa tomar um banho mais longo e se alimentar com calma. Os pais, especialmente, podem cuidar do bebê nas primeiras horas da manhã para que a mulher consiga dormir um pouco mais depois das mamadas noturnas (que podem ser frequentes e longas).
2) Acolha os sentimentos da mãe que amamenta:
Amamentar é uma viagem hormonal e emocional, e nem sempre é fácil. Ofereça companhia, apoio e esculta empática (sem conselhos ou julgamentos).
3) Ofereça um copo de água:
Sim, é assim tão simples. Amamentar dá muita sede (e fome e as vezes até um pouco de fraqueza no início). Além disso, a hidratação é muito importante para a produção de leite. Leve um copo de água quando ver uma mulher amamentando.
4) Ofereça palavras de incentivo:
Nunca diga que uma mulher não é capaz de amamentar, que seu leite é fraco, que seus seios são inadequados, que seu bebê passa fome. Ao contrário, incentive-a a confiar em seu corpo de forma empática e não impositiva.
5) Faça a sua parte para que mãe e bebê tenham contato de qualidade:
O contato físico do bebê com a mãe auxilia na produção de leite e no estabelecimento da amamentação. Por isso muitas famílias tem adotado o quarto ou a cama compartilhada especialmente nos primeiros meses do bebê. Se você é visitante, não peça para ficar com o bebê nos braços, entenda que a mãe as vezes precisará se retirar para estar só com seu bebê no quarto, não critique a opção da mulher de ter sempre o bebê nos braços, dormir junto e/ou não usar chupeta (aliás, lição para a vida: não critique as escolhas as pessoas). Você pode ajudar lavando a louça, levando comida pronta ou cozinhando, assumindo qualquer tarefa doméstica ou prática para que a mulher fique o mais liberada possível para estar em contato físico com seu bebê e para que a dupla mãe-bebê criem vínculo e intimidade.
6) Entenda que a amamentação é um aprendizado:
Parece óbvio, mas precisa ser esclarecido que você não deve interromper os momentos em que a mulher está amentando seu bebê para solicitar qualquer coisa ou pedir para segurar a criança. Esse é um momento dos dois! É muito possível que, especialmente no começo quando a amamentação ainda está se estabelecendo, a mulher queira estar sozinha com o bebê para alimentá-lo. Dê espaço aos dois.
7) Não seja mais uma pessoa intrometida
Se você quer ajudar uma mãe que está passando por dificuldades não seja uma pessoa palpiteira dizendo o que ela deve ou não fazer. Incentive ela a buscar apoio e informação de qualidade nos BLH, consultoras de amamentação ou grupos de apoio de amamentação virutais e presenciais.
8) Quando a mulher não amamenta:
Uma mãe pode não amamentar por vários motivos, por escolha ou por dificuldades que ela considerou intransponíveis no estabelecimento da amamentação. Seja como for, ela não precisa do seu julgamento e dos seus conselhos não solicitados. Toda a mãe precisa de apoio."

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Por que o parto normal é melhor para o bebê?

Por que o parto normal é melhor para o bebê?

1.       O trabalho de parto faz com que o bebê produza o cortisol, o hormônio do estresse. Se nos seres humanos o excesso desse hormônio traz diversas consequências negativas, no bebê ele vai atuar deixando os pulmões prontos para respirar.

2.       Ao passar pelo canal vaginal, o tórax do bebê é comprimido, o que facilita a expulsão de líquido amniótico de dentro dos pulmões, facilitando a primeira respiração.

3.       O risco de precisar de uma UTI é 4 vezes menor se o bebê nasce por parto normal.

4.       A certeza de que o bebê está pronto para nascer. Os pulmões do bebê só amadurecem nas últimas semanas de gestação e, quando não há o início do trabalho de parto, corre-se o risco de que o bebê nasça antes de esse amadurecimento ser completo, o que pode gerar graves problemas respiratórios.

5.       Ao passar pelo canal vaginal da mãe, o bebê entra em contato com as bactérias maternas, o que ativa seu sistema imunológico e promove maior resistência a alergias.

6.       As alterações hormonais da mãe beneficiam o bebê de forma que ele se torna mais ativo e responsivo ao nascer. Os bebês que nascem de parto normal e não têm o cordão umbilical cortado, se forem colocados no colo da mãe, se arrastam até o seio para mamar sem precisar de nenhuma ajuda.


7.       Durante a passagem pelo canal vaginal, o bebê é ‘apertado’, despertando a criança para o toque, o que faz com que ela estranhe menos o toque dos médicos e enfermeiros.



domingo, 2 de agosto de 2015

Os hormônios do parto

O trabalho de parto envolve, como o próprio nome diz, muito trabalho. Todo o corpo se foca em trazer à luz aquele pequeno ser. Mas você sabe qual é a parte do nosso corpo que mais trabalha na hora de parir? Nosso CÉREBRO! Faz sentido, né?! Afinal, é ele quem vai comandar as contrações, acionar e liberar os hormônios necessários, enfim, quem vai ditar todo o processo. Hoje vamos falar um pouquinho sobre esses hormônios, especialmente sobre a ocitocina.
Essa foto é do trabalho de parto do meu segundo filho. Eu gosto demais dela! Porque olhando assim, sem saber o contexto, fica bem difícil definir se essa cara é de prazer ou de dor. E é isso que acontece no parto, dor e prazer misturam-se constantemente!
O primeiro e mais famoso hormônio envolvido no parto é a nossa querida OCITOCINA. Se fosse possível elaborar uma droga do amor, ela com certeza seria o principal ingrediente. É ela a responsável por potencializar as contrações do útero, tornando-as fortes, efetivas e ritmadas até que o bebê nasça. Esse hormônio mágico também é responsável pela expulsão da placenta após o nascimento da criança, pela contração de células no seio para tornar possível a saída do leite . Quando há processos de indução ou tentativas de acelerar o trabalho de parto, é ministrada à mulher a ocitocina sintética. É claro que ela não vai atuar da mesma forma que a ocitocina naturalmente produzida! Vamos às principais diferenças:
a. O organismo diminui o número de receptores diante da ocitocina sintética, para prevenir um excesso de estimulação, o que aumenta os riscos de hemorragia, já que sua própria ocitocina será reduzida.
b. A ocitocina natural penetra na placenta e “desliga” um pouco o cérebro do bebê para reduzir a necessidade de oxigênio, o que a ocitocina sintética não é capaz de fazer e por isso seu uso tem maior chance de causar sofrimento fetal.
c. As contrações são até três vezes mais fortes do que as geradas pela ocitocina natural, sendo também mais longas e com intervalo mais curto entre elas. Isso pode fazer com que a mãe libere adrenalina, travando a progressão do trabalho de parto.
Depois do nascimento, os níveis de ocitocina ficam ainda maiores! Isso ajuda a proteger a mãe, porque faz com que o útero se contraia, evitando hemorragia. Mas esses altíssimos níveis de ocitocina logo após o parto têm uma função emocional muito importante: estabelecer o vínculo entre a mãe e o bebê. É ela quem gera aquele amor que te faz chorar só de olhar para o serzinho que saiu de dentro de você. E assim o que era potencialmente um evento traumático devido à sua intensidade – o parto – é ressignificado em uma experiência de amor, envolvimento, superação, felicidade..
No final de cada contração, o organismo libera endorfinas, que geram o relaxamento. Se a ocitocina é o hormônio do amor, a endorfina é, sem dúvida, o hormônio do prazer. É ela quem propicia uma sensação de euforia, mas também é uma espécie de anestésico natural. Nosso organismo é realmente muito sábio! Entre as contrações, que são fortes e doloridas, vem aquela sensação boa de relaxamento, semelhante àquela que experimentamos logo após uma atividade física intensa ou um orgasmo. Assim, o próprio organismo se encarrega de “compensar” a dor do parto. Então a verdade é que fala-se muito da dor do parto, mas só quem já passou pela experiência pode dizer que também há, em um parto natural, muito prazer envolvido.
Também está presente no parto um hormônio chamado prostraglandina, responsável pelo apagamento e dilatação do colo do útero. Já ouviram falar que sexo no final da gravidez estimula o trabalho de parto? Isso acontece por dois fatores: o orgasmo feminino gera contrações do útero e o sêmen contém prostraglandinas, que podem favorecer o início do trabalho de parto.
Ao longo do trabalho de parto, a grande vilã é a adrenalina. Se ela está presente em grande quantidade, atrapalha muito a liberação dos hormônios que fazem com que o trabalho de parto progrida. Porém, no final do trabalho de parto, no período que chamamos de expulsivo, há uma brusca elevação da adrenalina. As mulheres tendem a ficar em posição vertical, com uma súbita energia, sentindo a necessidade de se agarrarem a pessoas ou objetos. Essa adrenalina faz com que a mãe fique especialmente alerta após o nascimento do filho, uma questão evolutiva para a proteção do recém-nascido.
Para que esses hormônios do parto sejam liberados adequadamente, é preciso que o seu sistema límbico esteja ativo. O sistema límbico é o nosso cérebro mais primitivo, mais instintivo e, para que ele atue adequadamente é necessário que a mulher esteja relaxada, desligada de preocupações. Isso explica porque muitos trabalhos de parto se iniciam de madrugada, né?! Mas aqui reside também um grande segredo: se, no decorrer do trabalho de parto, a mulher se sente assustada, observada, preocupada, esse sistema límbico dá uma “travada” e os hormônios deixam de ser liberados adequadamente. Aí a gente entende porque muitas vezes o trabalho de parto está progredindo maravilhosamente em casa e, quando a mulher chega ao hospital, as contrações param do nada – ela saiu de um ambiente onde se sente segura e tranquila para um ambiente muito iluminado, movimentado, com ruídos e onde está constantemente sendo observada. O que uma mulher em trabalho de parto precisa para que seus hormônios sejam adequadamente liberados é, portanto, privacidade, penumbra, sensação de segurança e silêncio .
Gostou do texto? Compartilhe-o e curta nossa página, tem sempre muita informação de qualidade para quem deseja parir!

10 dicas maravilhosas para as grávidas

1. Se você acorda com muito enjoo (a maioria das grávidas reclama desse enjoo logo ao levantar da cama), deixe algumas bolachas de água e sal na sua cabeceira e coma ainda deitada, devagar. Vai ajudar!
2. Pernas e pés inchados ao final do dia é normal, e colocar para cima pode dar uma boa aliviada. Agora já acordar com pernas, pés e rosto inchados é um sinal de alerta para hipertensão, por exemplo - nesse caso, procure seu médico.
3. Hidratar bem a barriga mais de uma vez por dia ajuda a prevenir as estrias. Mas olha... sem neura! Seu corpo não vai ser o mesmo de antes do bebê, que tal encontrar a beleza disso?
4. Hidroginásticaaaa! Meninas, é simplesmente libertador para uma grávida de barrigão, que mal consegue andar, em terra, a quantidade de saltos e aberturas que ela consegue fazer na água! Faz um bem danado para o corpo e para a alma!
5. Seja curiosa! Não fique com dúvidas, não se contente com as informações passadas pelo obstetra! Entre em grupos do face, faça infinitas buscas no Google, leia muuuuito, se informe muuuuuito, fique especialista em gravidez e parto. Você vai se surpreender com quantas coisas os médicos não nos contam........!
6. Não entre na onda do "gravidez não é doença", não fique se obrigando a cumprir os mesmos afazeres, com a mesma eficiência de antes de engravidar. Realmente, gravidez não é doença, mas gestar consome muuuita energia. Permite-se diminuir o ritmo, permite-se não render tanto no trabalho, permita-se dormir um pouquinho mais. Gravidez não é doença, mas gestar cansa muito!
7. Tente "desmedicalizar"! Procure entrar em contato com seu corpo e entendê-lo antes de se medicar ou correr para o médico. Então, se sentir uma dor de cabeça, procure primeiro comer alguma coisa, beber água e descansar um pouco em vez de tomar logo um analgésico. Se sentir uma cólica, tome um banho morno e deite um pouco antes de perturbar o obstetra. E assim por diante...
8. Se você planeja um parto normal, comece a fazer exercícios de preparação do períneo (procure mais informações sobre 'pompoarismo' e 'massagem do períneo'). Assim, você tem menos chance de sofrer lacerações no nascimento do bebê.
9. Minta a idade gestacional. Quando a gravidez vai chegando ao final, a pressão em relação ao nascimento aumenta muito. Então se estiver no quinto mês, diga que está no quarto. Assim, se a gravidez passar das 40 semanas, o que é MUITO comum, as pessoas vão achar que você está de 8 meses e não vão ficar te perturbando quanto ao nascimento do bebê.
10. Nunca fique de pé se puder ficar sentada. Nunca fique sentada se puder ficar deitada. E não use isso como desculpa para não praticar exercícios físicos!

Indicações reais, possíveis e fictícias de cesarianas

ALERTA DE POST MEGA SUPER ULTRA IMPORTANTE!!!!
Hey, gravidinhas e gravidinhos do meu Brasil! O post de hoje é essencial para quem não quer cair no conto do vigário da desneCESÁREA, ou seja, fazer uma cesárea sem que haja real necessidade para isso. Vou colocar aqui para vocês um post do blog "estuda, Melânia, estuda", da médica Melânia Amorim, uma excelente obstetra que trabalha há anos com parto humanizado. Temos, então, uma lista bem completa de indicações REAIS de cesariana, ou seja, casos em que ela é de fato necessária; POSSÍVEIS indicações, ou seja, quando a cesárea pode ser necessária e como ela é usada como desculpa às vezes; DESCULPAS ESFARRAPADAS que os médicos comumente usam para fazer cesárea, mas que não são indicações reais. Leiam mil vezes!
INDICAÇÕES REAIS E FICTÍCIAS PARA A CESÁREA
Algumas indicações de cesariana
REAIS
1) Prolapso de cordão – com dilatação não completa;
2) Descolamento prematuro da placenta com feto vivo – fora do período expulsivo;
3) Placenta prévia parcial ou total (total ou centro-parcial);
4) Apresentação córmica (situação transversa) - durante o trabalho de parto (antes pode ser tentada a versão);
5) Ruptura de vasa praevia;
6) Herpes genital com lesão ativa no momento em que se inicia o trabalho de parto (em algumas diretrizes, somente se for a primoinfecção herpética).
PODEM ACONTECER, PORÉM FREQUENTEMENTE SÃO DIAGNOSTICADAS DE FORMA EQUIVOCADA
1) Desproporção cefalopélvica (DCP): o diagnóstico só é possível intraparto e não pode ser antecipado durante a gravidez. Em 1934 um obstetra (Barbour) já dizia que "o melhor pelvímetro é a cabeça fetal", e é avaliando a progressão da cabeça fetal através do canal de parto na presença de contrações eficientes que pode ser aventada a suspeita de DCP;
2) Sofrimento fetal agudo (o termo mais correto atualmente é "frequência cardíaca fetal não-tranquilizadora", exatamente para evitar diagnósticos equivocados baseados tão-somente em padrões anômalos de freqüência cardíaca fetal);
3) Parada de progressão que não resolve com as medidas habituais (correção da hipoatividade uterina, amniotomia): recentemente tanto autores como diretrizes concordam que os critérios devem ser mais elásticos. O próprio uso de ocitocina e a amniotomia não têm efetividade comprovada quando comparados com a conduta expectante;
Pela grande variação do que é fisiológico, considera-se que não é necessário intervir para apressar um parto, independente de sua duração, quando mãe e bebê estão bem.
Nota: o uso do partograma de Friedman é altamente questionável. A curva de evolução do trabalho de parto tem grande variação, recomendando-se atualmente a curva de Zhang (2010), com percentis. Outras curvas em outras populações estão sendo estudadas.
SITUAÇÕES ESPECIAIS EM QUE A CONDUTA DEVE SER INDIVIDUALIZADA, CONSIDERANDO-SE AS PECULIARIDADES DE CADA CASO E AS EXPECTATIVAS DA GESTANTE, APÓS INFORMAÇÃO
1) Apresentação pélvica (recomenda-se oferecer versão cefálica externa depois de 36 semanas mas se não for bem sucedida ou não for aceita pela gestante, discutir riscos e benefícios: o parto pélvico só deve ser tentado com equipe experiente e se for essa a decisão da gestante);
2) Duas ou mais cesáreas anteriores (o risco potencial de uma ruptura uterina – variando de 0,5% - 1% - deve ser pesado contra os riscos de se repetir a cesariana, que variam desde lesão vesical até hemorragia, infecção e maior chance de histerectomia); as diretrizes mais recentes não discriminam entre uma ou duas cesáreas para quem quer tentar um VBAC (Vaginal Birth After Cesarean = Parto Vaginal Após Cesárea);
3) hiv/aids (cesariana eletiva indicada se HIV + com contagem de CD4 baixa ou desconhecida e/ou carga viral acima de 1.000 cópias ou desconhecida); em franco trabalho de parto e na presença de ruptura de membranas, individualizar casos.
Algumas desculpas utilizadas pelos profissionais para realizar uma DESNEcesárea (em ordem alfabética)
1. Abdominoplastia prévia
2. Aceleração dos batimentos fetais
3. Adolescência
4. Ameaça de chuva/temporal na cidade
5. Anemia falciforme
6. Ameaça de parto prematuro (?)
7. Anemia ferropriva
8. Anemia de qualquer tipo (entendam, gestantes, a cesariana vai agravar a anemia, uma vez que a perda sanguínea é cerca de 500ml no parto normal e 1.000ml na cesariana)
9. Anencefalia
10. Anticoagulação (uso de warfarin que já deveria estar suspenso a termo, uso de heparina de baixo peso molecular, uso de heparina convencional)
11. Artéria umbilical única
12. Asma
13. Assalto ou outras formas de violência (gestante ou familiar foi vítima de assalto, então o bebê pode ficar estressado)
14. Acidente Vascular Cerebral (AVC) prévio
15. Bacia "muito estreita"
16. Baixa estatura materna
17. Baixo ganho ponderal materno/mãe de baixo peso
18. Bebê alto, não encaixado antes do início do trabalho de parto
19. Bebê profundamente encaixado
20. Bebê que não encaixa antes do trabalho de parto
21. Bebê "grande demais" (macrossomia fetal só é diagnosticada se o peso é maior ou igual que 4kg e não indica cesariana, salvo nos casos de diabetes materno com estimativa de peso fetal maior que 4,5kg. Não se justifica ultrassonografia a termo em gestantes de baixo risco para avaliação do peso fetal).
22. Bebê "pequeno demais"
23. Bebê engolindo o líquido amniótico
24. Bebê flagrado apertando o cordão durante a ultrassonografia, o que aparentemente levou a bradicardia
25. Bilhete ou telefonema do prefeito/secretário de saúde de município próximo – Bilhete de qualquer político
26. Bolsa rota (o limite de horas é variável, para vários obstetras basta NÃO estar em trabalho de parto quando a bolsa rompe)
27. Calcificação da sínfise púbica (alegando-se que ocorreria em TODAS as mulheres com mais de 35 anos, impedindo o parto normal)
28. Candidíase
29. Cardiopatia (o melhor parto para a maioria das cardiopatas é o vaginal)
30. Cegueira materna
31. Ceratocone
32. Cesárea anterior
33. Chlamydia, ureaplasma e mycoplasma
34. Circular de cordão, uma, duas ou três “voltas” (campeoníssima – essa conta com a cumplicidade dos ultrassonografistas e o diagnóstico do número de voltas é absolutamente nebuloso)
35. Cirurgia gastrointestinal prévia
36. Colestase gravídica
37. Coleta de sangue do cordão umbilical para congelamento e preservação de células-tronco
38. Colo grosso, colo posterior, colo duro, colo alto e (paradoxalmente) colo curto
39. Colostomia (sim, porque é melhor fazer uma incisão abdominal perto do estoma com fezes do que um parto normal bem distante da área...)
40. Conização prévia do colo uterino
41. Condilomas (verrugas genitais) que não provocam obstrução do canal de parto.
42. Constipação (prisão de ventre)
43. Cordão curto (impossível a mensuração antes do nascimento)
44. Cálculo renal (nefrolitíase)
45. Data provável do parto (DPP) próximo a feriados prolongados e datas festivas (incluindo aniversário do obstetra)
46. Datas significativas como 11/11/11 ou 12/12/12 (ainda bem que a partir de 2013 precisaremos esperar o próximo século mas ainda inventam outras...)
47. Diabetes mellitus clínico ou gestacional
48. Diagnóstico de desproporção cefalopélvica sem sequer a gestante ter entrado em trabalho de parto e antes da dilatação de 8 a 10 cm
49. Disfunção da sínfise púbica
50. Dorso à direita, dorso posterior, ou dorso em qualquer outro lugar
51. Edema de membros inferiores/edema generalizado
52. Eletrocauterização prévia do colo uterino
53. Endometriose em qualquer grau e localização
54. Enxaqueca materna
55. Epilepsia e uso de qualquer droga antiepiléptica
56. Escoliose
57. Espondilite anquilosante – Qualquer espondiloartropatia
58. Estreptococo do Grupo B (EGB) no rastreamento com cultura anovaginal entre 35-37 semanas
59. Exérese prévia de pólipos intestinais por colonoscopia
60. Falta de dilatação antes do trabalho de parto
61. Falta de vagas nos hospitais se a gestante não marcar a cesárea
62. Feto com “unhas compridas”
63. Feto morto
64. Fibromialgia
65. Fratura de cóccix em algum momento da vida
66. Gastroplastia prévia (parece que, em relação ao peso materno, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come)
67. Gestação gemelar com os dois conceptos, ou o primeiro, em apresentação cefálica
68. Gestante saudável demais, correndo o risco de ter um parto fácil e muito rápido, podendo parir antes de chegar ao hospital, com risco de morte do bebê
69. Gravidez não desejada
70. Gravidez prolongada
71. Grumos no líquido amniótico
72. Hemorroidas
73. Hepatite B e Hepatite C
74. Hérnia de disco, operada ou não, em qualquer segmento da coluna vertebral
75. Hérnia inguinal, hérnia incisional e hérnia umbilical
76. Hiperprolactinemia
77. Hipertireoidismo
78. Hipotireoidismo
79. História de cesárea na família
80. História de câncer de mama ou câncer de mama na gravidez
81. História de depressão pós-parto
82. História de natimorto ou óbito neonatal em gravidez anterior
83. História de trombose venosa profunda
84. História familiar de fibrose cística do pâncreas
85. HPV com ou sem NIC
86. Idade materna “avançada” (limites bastante variáveis, pelo que tenho observado, mas em geral refere-se às mulheres com mais de 35 anos. Há pouco tempo a fisioterapeuta que faz parte de nossa equipe foi considerada "idosa"por um plantonista de certa maternidade que não me convém indicar...
87. Incisura nas artérias uterinas (pesquisada inutilmente, uma vez que não se deve realizar oplervelocimetria em uma gravidez normal)
88. Incontinência urinária de esforço ou estar fazendo muito xixi no final da gravidez
89. Infecção urinária
90. Inseminação artificial, FIV, qualquer procedimento de fertilização assistida (pela ideia de que bebês “superdesejados” teriam melhor prognóstico com a cesárea) – motivo pelo qual esses bebês aqui no Brasil muito raramente nascem de parto normal
91. Insuficiência istmocervical (paradoxalmente, mulheres que têm partos muito fáceis são submetidas a cesarianas eletivas com 37 semanas SEM retirada dos pontos da circlagem)
92. Insuficiência Renal Aguda ou Crônica
93. Jogo do Atlético x Cruzeiro (mas pode substituir por Flamengo x Fluminense, Grêmio x Internacional ou qualquer clássico de sua cidade), afetando o tráfego urbano
94. Laparotomia prévia
95. Lesão medular (habitualmente acarretando paralisia: tetraplegia, paraplegia, hemiplegia, diplegia, dependendo do nível da lesão): essas mulheres em geral são cadeirantes e podem ter partos sem dor, mas o diagnóstico não é indicação de cesárea!
96. Líquido amniótico em excesso
97. Lúpus eritematoso sistêmico (LES)
98. Magreza da mãe
99.Malformação cardíaca fetal
100. Mecônio no líquido amniótico (só indica cesariana se houver associação com padrões anômalos de frequência cardíaca fetal, sugerindo sofrimento fetal)
101. Mioma uterino (exceto se funcionar como tumor prévio)
102. Miscigenação racial (pelo “elevado risco” de desproporção céfalo-pélvica)
103. Neoplasia intraepitelial cervical (NIC)
104. Nó verdadeiro de cordão (impossível o diagnóstico antenatal, sorry)
105. Obesidade materna
106. Paciente “não tem perfil para parto normal”
107. Paciente “não ajuda para o parto normal” (momento vidente ON: “no fundo ela quer cesárea”)
108. Parto “prolongado” ou período expulsivo “prolongado” (também os limites são muito imprecisos, dependendo da pressa do obstetra). O diagnóstico deve se apoiar no partograma. O próprio ACOG só reconhece período expulsivo prolongado mais de duas horas em primíparas e uma hora em multíparas sem analgesia ou mais de três horas em primíparas e duas horas em multíparas com analgesia. Na curva de Zhang o percentil 95 é de 3,6 horas para primíparas e 2,8 horas para multíparas)
109. “Passou do tempo” (diagnóstico bastante impreciso que envolve aparentemente qualquer idade gestacional a partir de 39 semanas)
110. Perineoplastia anterior
111. Pé (do feto) nas costelas
112. Pé torto congênito
113. Placenta grau III ou II ou I ou qualquer outra classificação placentária
114. Placentas baixas não oclusivas do colo do útero
115. Plaquetopenia
116. Pólipos uterinos
117. Possível falta de vaga em maternidade para um parto normal, caso a gestante não marque a cesárea
118. Pouco líquido no exame ultrassonográfico (sem indicação no final da gravidez em gestantes normais)
119. Praticar musculação ou ser atleta
120. Pressão alta
121. Pressão baixa
122. Problemas oftalmológicos, incluindo miopia, grande miopia, ceratocone e descolamento da retina
123. Profissão professora
124. Prolapso de valva mitral
125. Prótese total de quadril
126. Prurido gestacional
127. Qualquer malformação fetal incompatível com a vida
128. Qualquer procedimento cirúrgico durante a gravidez
129. Queloide ou tendência a queloide podendo complicar uma episiotomia (e a cesárea não? E para que fazer episiotomia?)
130. Reação vasovagal
131. Sedentarismo
132. Septo uterino/cirurgia prévia para ressecção de septo por via histeroscópica
133. Ser bailarina
134. Sono fetal (bebê que dorme durante o trabalho de parto)
135. Suspeita ecográfica de mecônio no líquido amniótico
136. Síndrome de Down e qualquer outra cromossomopatia
137. Síndrome de Ovários Policísticos (SOP)
138. Tabagismo
139. Trabalho de parto prematuro
140. Trânsito urbano muito intenso
141. Tricomoníase
142. Trombofilias
143. Trombose venosa profunda
144. Varizes uterinas
145. Varizes em membros inferiores
146. Varizes na vulva
147. Uso de antidepressivos ou antipsicóticos
148. Uso de aspirina e outros antiagregantes plaquetários (ex.: clopidogrel)
149. Útero bicorno
150. Útero retrovertido
151. Vaginose bacteriana
152. Varizes na vulva e/ou vagina
153. Violência urbana, impedindo obstetra (famoso) de sair de casa à noite ou alegada como pretexto para que as gestantes também não sigam o perigoso percurso até a maternidade
Nota: infelizmente isto não é piada. Agradeço a contribuição das gestantes, dos colegas, dos médicos residentes e dos políticos que me mandam bilhetinhos estapafúrdios indicando cesarianas por motivos os mais exóticos, e recentemente a Gisele Leal que compilou mais indicações informadas pelas mulheres dos grupos do Facebook.

Posições

É muito interessante acompanhar um trabalho de parto. Assim como cada mulher é única, cada nascimento vem imbuído das suas particularidades, da sua individualidade. Cada mulher encontra a sua maneira de lidar com a dor e de conseguir descansar nos intervalos.
Um dos papeis da doula é tentar aliviar a dor por meios não farmacológicos. Isso inclui sugerir à mulher posições diferentes, em que a dor seja aliviada. Para algumas, isso significa ficar de cócoras; para outras, de pé, debruçada sobre algo; às vezes, em quatro apoios. Não temos como saber ou prever em que posição a mulher ficará mais confortável durante as contrações. Inclusive porque a posição que agora serviu pode mudar na próxima contração. Mas uma coisa é quase certa: deitada essa mulher não vai conseguir ficar. As contrações são bem mais doloridas dessa forma, principalmente se a mulher estiver de barriga pra cima.
Isso gera duas consequências simples e que contrariam fortemente nosso sistema obstétrico. A primeira é que assim que chegamos a um hospital parindo, eles querem nos colocar no soro. Ora, se a mulher está se alimentando e bebendo bastante água (outro papel fundamental da doula – oferecer constantemente líquidos e alimentos energéticos para essa mulher), o soro é desnecessário e, quando estamos com ele, a mudança de posição e a locomoção se torna bem mais complicada.
A segunda consequência você entende em uma imagem simples. Visualize uma mulher parindo num hospital. Ótimo! Em que posição ela está? Isso mesmo: deitada de barriga pra cima. Justamente na posição que eu comentei ali em cima ser a pior, a mais dolorida, a mais sofrida para a mulher. Mas então porque raios de diabos a mulher é colocada para parir nessa posição? Elementar, meu caro Watson, para que o médico fique confortavelmente sentado e com fácil acesso a essa mulher na saída do bebê. Vê lá se médico vai sentar no chão para pegar o bebê de uma mulher parindo de cócoras? Só que essa posição, além da dor, traz outro dois problemas: a saída do bebê fica menos aberta e perde-se o auxílio da gravidade na descida e saída da criança.
É por isso que a gente, a galera roots da humanização do parto, bate tanto na tecla da liberdade de posição da mulher no trabalho de parto e nascimento. Agora você já sabe. Coloque no seu plano de parto, discuta com seu médico!

Como relaxar?

Uma das principais queixas da mulher, principalmente do meio para o final da gravidez, é a ansiedade. Ansiedade em ver tudo pronto para chegada da criança, se preparar para o parto, ansiedade com o momento do nascimento, para ver logo o rostinho... Só que essa ansiedade toda é um grande problema, porque o nosso corpo reage à nossa mente, e a ansiedade, principalmente se combinada com má alimentação e ausência de atividades físicas, pode desencadear problemas como hipertensão e diabetes gestacional. Então, é fundamental que a grávida aprenda a relaxar, e por isso o post de hoje vai trazer técnicas e dicas para te ajudar nessa difícil missão:

1. Meditação
a) Essa técnica de meditação em 1 minuto é ótima para quem, como eu, é ansiosa demais até para meditar, e fica agoniada querendo saber quando termina. É rápido e você só precisa fechar os olhos e prestar atenção na respiração:

b) Se você tem um pouco mais de paciência, tem esse relaxamento para gestantes. Tem uns 20 minutos e consiste em ficar atenta à música e respirar calmamente enquanto olha as imagens da gestação mês a mês:


2. Bola
Recomendo muitíssimo a compra de uma bola de pilates. Ela é maravilhosa para a grávida se exercitar e relaxar durante a gravidez e faz milagres no trabalho de parto. Exemplo movimentos com bola para relaxar:


3. Yoga
a) Uma aulinha de 13 minutos, para iniciantes mesmo:

b) Se quiser uma aula mais longa, tem essa:


4. Dançar!
Gente, se tem uma coisa que ajuda a tirar a tensão e a ansiedade é dançar! Aí depende muito do seu gosto musical, né, mas vou colocar aqui algumas coisinhas que eu curto muito (lembrando que toda essa coisa de rebolar e agachar é óóótimo para ir preparando para o trabalho de parto):


5. Aterrar
Andar descalço em contato com a grama, com a areia, enfim, pisar diretamente em contato com a natureza.


6. Chás
Tem gente que acha que não pode tomar chá nenhum durante a gravidez. Mentiraaaa! Tem um monte de chá calmante, delicioso e sem contraindicação que vocês podem tomar aos montes! Camomila, capim-limão e erva doce estão entre eles!


7. Escalda-pés
Nossa, uma delícia para relaxar! Principalmente mais pro final da gravidez, quando a gente começa a inchar... Ferva uma água e coloque hortelã, capim-limão ou calêndula, só para dar alguns exemplos... Assim que a temperatura da água estiver suportável, coloque os pezinhos e curta o relaxamento!


8. Faça sexo
O bebê está mais que bem protegido pela bolsa das águas, colo do útero, tampão... Aproveite para fazer amor... Pouca coisa relaxa tanto quanto um bom orgasmo... =]