domingo, 2 de agosto de 2015

Posições

É muito interessante acompanhar um trabalho de parto. Assim como cada mulher é única, cada nascimento vem imbuído das suas particularidades, da sua individualidade. Cada mulher encontra a sua maneira de lidar com a dor e de conseguir descansar nos intervalos.
Um dos papeis da doula é tentar aliviar a dor por meios não farmacológicos. Isso inclui sugerir à mulher posições diferentes, em que a dor seja aliviada. Para algumas, isso significa ficar de cócoras; para outras, de pé, debruçada sobre algo; às vezes, em quatro apoios. Não temos como saber ou prever em que posição a mulher ficará mais confortável durante as contrações. Inclusive porque a posição que agora serviu pode mudar na próxima contração. Mas uma coisa é quase certa: deitada essa mulher não vai conseguir ficar. As contrações são bem mais doloridas dessa forma, principalmente se a mulher estiver de barriga pra cima.
Isso gera duas consequências simples e que contrariam fortemente nosso sistema obstétrico. A primeira é que assim que chegamos a um hospital parindo, eles querem nos colocar no soro. Ora, se a mulher está se alimentando e bebendo bastante água (outro papel fundamental da doula – oferecer constantemente líquidos e alimentos energéticos para essa mulher), o soro é desnecessário e, quando estamos com ele, a mudança de posição e a locomoção se torna bem mais complicada.
A segunda consequência você entende em uma imagem simples. Visualize uma mulher parindo num hospital. Ótimo! Em que posição ela está? Isso mesmo: deitada de barriga pra cima. Justamente na posição que eu comentei ali em cima ser a pior, a mais dolorida, a mais sofrida para a mulher. Mas então porque raios de diabos a mulher é colocada para parir nessa posição? Elementar, meu caro Watson, para que o médico fique confortavelmente sentado e com fácil acesso a essa mulher na saída do bebê. Vê lá se médico vai sentar no chão para pegar o bebê de uma mulher parindo de cócoras? Só que essa posição, além da dor, traz outro dois problemas: a saída do bebê fica menos aberta e perde-se o auxílio da gravidade na descida e saída da criança.
É por isso que a gente, a galera roots da humanização do parto, bate tanto na tecla da liberdade de posição da mulher no trabalho de parto e nascimento. Agora você já sabe. Coloque no seu plano de parto, discuta com seu médico!

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