quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Vamos falar sobre amamentação?


Acho que, no Brasil, a maioria das mães deseja amamentar seu filho. Talvez não da forma como a Organização Mundial de Saúde recomenda (amamentação exclusiva até 6 meses, como principal alimento até 1 ano e como suplementar PELO MENOS até 2 anos de idade), mas querem amamentar. E acham que a amamentação é algo simples, belo e intuitivo: põe o bebê no peito, ele suga. Pronto, resolvido.
Manas, não é bem assim que funciona...! Primeiro que, quando o bebê nasce, você não ganha automaticamente peitos fartos de leite; o leite só vai descer mesmo lá pelo terceiro dia após o parto. Antes disso, temos o colostro: ele é bem líquido, pouquinho, amarelado quase transparente. O colostro deve ser dado ao bebê o mais rapidamente possível após o nascimento do bebê, pois ele é repleto de anticorpos que protegem a criança, transmitindo para o bebê informações sobre os micro-organismos com os quais a mãe teve em contato ao longo da vida. Além disso, é rico em proteínas, água e gorduras essenciais, bem adaptado às necessidades do recém-nascido. Esse colostro é o alimento que os bebês precisam ao nascer, sem tirar nem pôr. Não é necessário oferecer complemento porque o leite ainda não veio, é só deixar bastante o bebê no seio para mamar o colostro - o que estimula o leite a descer. Em muitos hospitais, é oferecido o complemento para os recém-nascidos. Mas, futuras mamães, o leite é produzido por estímulo: quanto menos o bebê sugar, mais o leite demora para descer. E se ele estiver de barriguinha mega cheia de complemento, não vai querer sugar. Entenderam o círculo vicioso que o complemento gera? E sempre vai ter alguém que vai dizer que o leite é fraco, que o bebê está com fome, etc. Mas já pararam para pensar que um bebê que acabou de sair do útero tem muitos, muitos motivos para chorar além da fome?
O segundo ponto de dificuldade em estabelecer a amamentação é o raio da pega. A pega é a base de uma amamentação tranquila. Se o bebê pega corretamente o seio, consegue mamar tudo o que precisa e não machuca a mãe. Se a pega não estiver correta, pode mamar pouco, engolir muito ar, machucar o seio materno. Só que (pode acreditar!) o bebê não nasce sabendo pegar o seio. Mãe e bebê precisam aprender a fazer isso juntos! Pode ser que, principalmente no início, você tenha que retirar e colocar o seio várias vezes até que seu bebê acerte a pega, e que isso se repita a cada vez que ele for mamar. É importante essa correção, para que você não se machuque, a dor ao amamentar não é normal! Para a pega ser feita corretamente, é preciso que o bebê abocanhe boa parte da aréola, e não apenas o bico. A boquinha tem que ficar bem aberta. https://www.youtube.com/watch?v=scsAp3CaKfA
Se estiver doendo, provavelmente a pega está errada. Peça ajuda! Muitas mães só chegam ao banco de leite quando o mamilo já está rachado, muito ferido, quando ela já não aguenta mais de dor. Não espere chegar a esse ponto! Se estiver difícil, vá logo a um banco de leite com seu bebê, que você será super bem orientada.
O terceiro ponto complicado é a apojadura, ou seja, quando o leite desce. Porque manas, quando o leite desce, ele DEEEEEESCE.... kkkkkk! Seu organismo ainda não sabe o quanto seu bebê irá mamar, então ele se prepara para um super bebê mega esganado que vai querer mamar litros a cada minuto! As mamas ficam muito cheias e duras, e se você não souber lidar com esse momento, pode acabar tendo leite empedrado ou até mesmo uma mastite. Vamos lá: se o seio estiver muito cheio e muito duro, o bebê não consegue pegar direito. Então é bom massagear o seio e ordenhar um pouco de leite (no momento: vamos nos sentir vaquinhas) e só depois oferecer ao bebê. https://www.youtube.com/watch?v=gW7jqzdX1hc
Aos poucos, a produção de leite entra em um equilíbrio, os seios não enchem tanto, e aí vem o quarto ponto difícil na amamentação: a crise do "não tenho leite". Tem sim! Você só está produzindo leite de forma adequada ao seu bebê, não está mais jorrando leite do peito, mas pode crer que, quando ele mama, sai leite, se não ele abriria o berreiro. E se mesmo assim ficar cismada, lembre-se de que quanto mais o bebê mama, mais leite a mãe produz, então coloque-o para mamar com mais frequência.
E o quinto momento difícil da amamentação: seguir amamentando! Porque olhe, minha gente... É tanto palpite... É tanta gente querendo dizer quando, como, onde ou que tanto esse bebê deve mamar... Lembre-se das recomendações da Organização Mundial de Saúde: livre demanda, amamentação exclusiva até 6 meses e seguir amamentando por 2 anos ou mais. Qualquer pitaco diferente disso pode - e deve - ser ignorado. Mas atenção: eu disse que os pitacos devem ser ignorados, não aquilo que a sua intuição te diz. Cada mãe sabe exatamente o momento de desmamar sua cria. É o momento do "não dá mais". "Não aguento mais dar peito de madrugada!" É quando você tira a mamada noturna. "Não aguento mais dar o peito o tempo todo!" É quando você interrompe a livre demanda. De alguma forma, a gente sabe.
Por fim, lembrem-se de que, principalmente no início, amamentar exige concentração. Procure um lugar tranquilo, em silêncio. Olhe bem nos olhos do bebê, tenha paciência com esse momento. Se estiverem com dificuldades, procure antes de oferecer o seio colocar seu filho pele a pele com você, e ir guiando para o seio aos poucos. Desejo que tenham uma linda lua-de-leite!!!

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