sábado, 26 de março de 2016

Relato de parto: Lucas da Silva Baptista


Na última roda a que a Jaqueline veio estavam presentes também a Rafaela e a Cláudia, ambas com 36 semanas. A Jaque, com suas 29, era, em teoria, a que mais ia demorar a ver o filhote fora da barriga. Mas se tem uma coisa que a gente aprende nessa vida de doula é que a única certeza do processo é não ter certeza de nada.

Aí na tarde do dia 21 de março, meu primo Vinícius (marido da Jaqueline) me ligou para dizer que ela estava com muita dor de cabeça. Era um dia bem quente, então recomendei água e descanso e, se não melhorasse em cerca de 1 hora, ir para o médico porque poderia ser pressão alta (até então ela não tinha tido nenhum episódio de pressão acima do normal). Não melhorou, e ela foi até o hospital São Francisco. A pressão, de fato, estava alta, e os exames apresentaram alterações importantes - presença de proteína na urina e alteração no doppler. O médico recomendou internação, mas disse que não havia vagas lá. Esse tipo de situação, pra quem não sabe, é muito comum, não é a primeira vez que acompanho uma gestante desesperada com alterações sérias nos exames sem ter onde se internar por falta de vagas.

Decidimos ir para o HRT, onde, mesmo que não houvesse vagas, tínhamos certeza de que ela seria medicada. Chegando lá, a médica disse que tentariam estabilizar a pressão e, caso não desse certo, seria necessário fazer uma cesariana, apesar da prematuridade do bebê (29 semanas, peso estimado em 800g). Ela ficou internada no próprio Centro Obstétrico.

Foram 3 dias de medicação para tentar controlar a pressão e corticoides para ajudar no amadurecimento do feto. Porém a pressão continuava descontrolada e a quantidade de proteína na urina aumentou em vez de diminuir. Sendo assim, o risco de vida para a Jaqueline foi considerado alto demais para tentar manter a gravidez, e no dia 24 de março, às 14h38min, com 35cm e 845g, nasceu o pequeno Lucas da Silva Baptista, prematuro extremo, mas forte: chorou, fez xixi, teve apgar 8/9. Foi colocado na incubadora.

Como não havia vagas na U.T.I. neonatal do HRT, nosso bebezinho foi levado para a U.T.I. neo do Hospital Regional de Santa Maria, onde segue internado. Está com os pulmões limpos, reagindo muito bem, demonstrando toda a força que gostaríamos de ver em um neném tão prematuro. Agora é concentrar nossas orações e energias positivas para que ele não contraia nenhum tipo de infecção e siga ganhando tamanho e peso para poder ir logo para os braços da mãe e depois para a casinha dele.

A conclusão? Coração de doula tem que ser forte, principalmente para doular família! Titia babona apaixonada...! :)

Um comentário:

  1. Seus textos sao sempre lindos e emocionanres. a avó aqui tambem segue babando e orando por ele.

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