quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Três razões pelas quais “parir com o plantonista” não é uma boa ideia


O post de hoje é um alerta. Tenho ouvido muitas mulheres que desejam parto normal e que, estudando a fundo o assunto, chegaram à conclusão de que os médicos do convênio não acompanham. A solução encontrada para esse dilema é “chegar ao hospital com trabalho de parto avançado e parir com o plantonista”. Vamos conversar um pouco sobre quantas armadilhas se escondem nessa ideia aparentemente brilhante?
1. O pré-natal não será humanizado! Tudo bem que o plantonista vá fazer seu parto, mas alguém te acompanhar, pedir exames, orientar durante a gestação. Ok, você consegue encontrar a maioria das informações na internet mesmo se souber onde procurar, então precisaria somente de alguém para passar exames e orientar o que fazer em caso de alterações. Isso! Aí está a armadilha! Uma mesma alteração em exame pode ter interpretação e solução bem diferente dependendo do médico que analisa! Líquido amniótico baixo, por exemplo: pode ser uma razão para a mulher fazer repouso e se hidratar bem e pode ser uma razão para uma cesariana, dependendo de quem está te acompanhando. E não se engane: principalmente no final da gestação, é muito difícil ir contra as ordens do médico, mesmo quando sabemos que ele está errado. Ter uma equipe humanizada desde a gestação garante tranquilidade no final da gravidez, decisões tomadas com base em evidências científicas, saúde para você e para o bebê.
2. O trabalho de parto nunca é exatamente como a gente imagina. Às vezes é porque a bolsa rompeu antes do início das contrações, às vezes é porque vai passando das 40, 41, 42 semanas, às vezes é porque os pródromos duram muitos dias e as contrações não regularizam, às vezes é porque a dilatação estaciona e não progride mais… São tantas variáveis que fazem com que a mulher grávida queira/precise ser avaliada! E a, se alguma dessas situações acontecer com você, você vai ter que escolher entre ser avaliada e orientada pelo seu médico cesarista do convênio ou pelo plantonista do hospital cuja conduta você absolutamente desconhece. Ou você vai se auto-orientar? Vai ter confiança o suficiente para, por exemplo, passar das 42 semanas? Para aguentar 48 horas de bolsa rota?
3. Suponhamos que tudo até aqui tenha dado certo: a gestação foi tranquila e sem intercorrências, o trabalho de parto progrediu de maneira maravilhosa e você realmente conseguiu chegar ao hospital aí com seus 5, 6 cm de dilatação. Deixaram até sua doula entrar, olha que legal! Tudo continua indo bem até que você chega aos 9cm, começa a sentir vontade de empurrar e te levam para o centro obstétrico. Nesse momento, exatamente aí, você está na mais vulnerável das posições. Já foram horas de muita dor e cansaço, você só quer que aquilo acabe logo e que seu bebê esteja no seu colo. Acredite: você não tem absolutamente nenhuma condição de discutir com o médico plantonista! Isso significa que ali pode acontecer de tudo! De tudo que você não queria que acontecesse, de tudo que você colocou no plano de parto que não queria, mas que aquele médico ali faz de rotina e acha que é assim mesmo que tem que ser! Com uma equipe humanizada, você fica tranquila de que, quando estiver ali no auge da vulnerabilidade, as decisões tomadas pelo obstetra serão bem fundamentadas.
Agora, se de fato você não tem outra solução além de parir com o plantonista, recomendo que não vá para um hospital particular. Não. Nenhum deles. Simplesmente porque os plantonistas do hospital particular não sabem lidar com parto, não costumam fazer e, se fazem, é porque o trabalho de parto só chegou muito adiantado. Tente a Casa de Parto (sim, com a portaria da regionalização as coisas estão mais complicadas mesmo, mas ainda há alternativas), o HMIB ou algum outro hospital com boas referências. Converse com a sua doula, ela vai te ajudar nessa! Se não tiver uma doula, nossa equipe está aqui para ajudar!
(Elisa Costa)

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