quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Manobra de Kristeller

Hoje eu quero conversar com vocês sobre uma manobra ainda muito utilizada em partos normais e que não só é prejudicial para mãe e bebê, mas é considerada violência obstétrica: a manobra de kristeller.
Como já falamos várias vezes aqui na página, o parto tem um tempo certo para acontecer. Depois que a mulher dilata os 10cm começa uma nova fase do parto, o chamado período expulsivo. Essa fase é marcada por uma vontade incontrolável de fazer força quando a contração chega ao ápice, pela descida do bebê e, finalmente, pelo nascimento. O tempo de duração dessa fase vai de alguns minutos a várias horas e, desde que os batimentos cardíacos do bebê estejam ok, bem como o estado geral da mãe, não há nenhuma necessidade de se apressar esse processo. São, aliás, as idas e vindas do bebê a cada contração e sua movimentação durante as contrações que fazem com que o processo seja tranquilo e que diminui a chance de hemorragias e de lacerações.
A manobra de kristeller, criada em 1867, é uma tentativa de acelerar a descida do bebê. Aplica-se uma pressão no fundo do útero (empurrando a barriga) que impulsiona o bebê para baixo. Para o bebê, aumentam os riscos de traumas relacionados a passagem dos ombros (como ele é empurrado, não consegue fazer a rotação adequadamente), como fratura da clavícula, distócia de ombro, etc.; aumentam os riscos de sofrimento fetal; há maiores chances de lesão de órgãos internos e hematomas. Para a mãe, aumentam os riscos de ruptura uterina, contusões, fratura da costela, descolamento prematuro da placenta, hemorragia, lacerações graves do períneo na saída do bebê.
Pois é, gente... o kristeller é tão absurdo que é uma manobra PROIBIDA em vários países e a Organização Mundial de Saúde NÃO A RECOMENDA. Não existe nenhuma indicação concreta para o uso desse procedimento. Qualquer diminuição de tempo do período expulsivo não compensa a dor que a mãe sente no procedimento nem o aumento dos riscos para a mulher ou para a criança. Nenhum médico deveria fazer e nenhuma parturiente deveria se submeter a isso. Mas eu pessoalmente já vi a técnica ser aplicada duas vezes, e o médico ainda soltar um “ainda bem que eu te dei uma ajudinha”. Vamos compartilhar esse texto para que mais mulheres estejam informadas sobre aquilo que envolve o seu parto, e qualquer dúvida podem entrar em contato com a gente!

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