quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

João

E porque coração de grávida tem que ser muito forte e estar sempre cheio de afeto, quando cheguei em casa ontem, da cesariana da Raquel (post anterior) lembrei que a Mônica tinha consulta às 9h e mandei mensagem perguntando como tinha sido. Ela estava completamente zonza com o resultado de seu ultrassom: 2,4 de líquido amniótico (repetido três vezes pela médica e revisado pelo chefe da médica) e constatação de baixa vitalidade fetal.
A Mônica, dentre as minhas doulandas, foi uma das mais presentes e mais bem preparadas para o parto normal. Por ter uma cesárea anterior que foi bem traumática física e psicologicamente, ela estava firmemente decidida a entrar em trabalho de parto, leu muito, frequentou várias rodas e estava pronta para peitar todo um sistema obstétrico para conseguir entrar em trabalho de parto e parir. Ela estava firmemente decidida a não se deixar enganar e cair em uma cesárea sem necessidade.
Só que aí está o detalhe, né?! Existem situações em que só podemos agradecer ao universo a existência dos médicos e da cesariana, e essa era uma dessas. A indicação de cirurgia era correta e real. Claro que de início foi bem difícil para a Mônica - e para mim, confesso - lidar com a frustração de um plano tão bem delimitado. Trabalhei bastante em mim primeiro, depois fui para a casa dela. Lá, fiz uma massagem e conversamos bem, sobre como planejamos o parto normal exatamente pensando no melhor para o João, e que se o melhor para o João não era mais o parto normal, tínhamos que aceitar com alegria. Orientei a ela que conversasse com o anestesia sobre as reações ruins que ela teve da última vez.
Como a irmã dela é enfermeira e o marido já ia acompanhá-la, achei por bem não ir ao hospital tentar entrar, e deixar esse privilégio para a irmã dela, que acompanhou tudo e me mandou fotos. No horário da cirurgia, convoquei todas as doulandas para orarmos e mandarmos vibrações positivas para que a Mônica não se sentisse triste nem sozinha após a cesariana, na recuperação. E dormi tranquila sabendo que mãe e bebê estavam ótimos e que João era lindo!
Hoje, fui visitá-la. Estava bem, bonita, amamentando, tranquila. Fiquei muito, muito orgulhosa da Mônica. E ainda ganhei presentes! O melhor deles foi uma foto dela grávida, com os dizeres: "Obrigada por fazer parte da luta pelo empoderamento e protagonismo da mulher no parto". Fiquei profundamente emocionada e grata por ter feito parte desse processo.

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