quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Relato de parto: Vanessa e Letícia - visão da doula

A Vanessa me ligou por volta das 5h da manhã, contando que sua bolsa havia rompido. Por volta das 7h, as contrações já estavam bem doloridas, e fui para a casa dela. Chegando lá, achei que ela estava muito abatida, e tinha razão: os vômitos foram super intensos e ela não conseguia comer. Ao longo do dia. César e eu tentamos de tudo: suco, chocolate, castanha, pão, mel... Mas nada parava no estômago da Vanessa, à exceção de pequenos goles de água ou chá.
Às 9h, seguimos para o consultório do dr. Marcondes. Ela foi avaliada e a dilatação estava em 1cm, com o colo ainda grosso, rígido. Vanessa fez um cardiotoco e já então manifestou o desejo de fazer uma cesariana, pois as contrações estavam doloridas demais. César e eu conversamos bastante, com todo carinho, e combinamos de ir para a casa de uma amiga da Vanessa que ficava bem pertinho do Santa Luzia [Martita, nem te conheço, mas já te considero pacas! Que refúgio foi a sua casa em um dia tão tumultuado!].
Na casa da amiga, Vanessa conseguiu relaxar, dormir um pouco, e já acordou com outra feição. Comeu um pouco de açaí e estávamos conversando quando o doutor Marcondes ligou, porque havíamos ficado de retornar ao meio-dia para nova avaliação e já eram quase 13h.
Embora o colo estivesse mais fino e maleável, a dilatação não havia progredido nada e a Vanessa, muito calma e muito segura, disse que queria partir para uma cesariana. Não se tratava de uma mulher em fase de transição, na famosa hora da covardia, querendo desistir quando o trabalho de parto estava quase no final. O trabalho de parto dela ainda estava no início, ela estava muito segura e tranquila quando decidiu que não queria mais. E aí, doula? Você acompanha, nesse caso? É CLARO QUE SIM! Ela é quem sabe a intensidade das dores que estava sentindo, os limites dela, o cansaço, a fraqueza... A decisão é dela, o corpo é dela! Nossa, então ela sentiu dor à toa? É CLARO QUE NÃO! A Vanessa pôde ter a certeza de que sua filha estava pronta para nascer (certeza que só é possível ter com o trabalho de parto) e as duas passaram por várias contrações, o que permitiu um maior amadurecimento dos pulmões da Letícia e todo um coquetel de ocitocina que ambas receberam.
Dr. Marcondes então encaminhou para a cesariana. Estávamos com bastante bagagem, então me permiti não acompanhar a cirurgia (já que eles nunca deixam a gente ficar com a mulher no momento em que eu mais gostaria, que é depois que o bebê nasce e é levado para os procedimentos) e alguém precisava receber e abrir o quarto, achei que seria mais útil do lado de fora, hehe.
Assim, às 15h20, com 50cm e 2,540kg, nasceu a linda diva Letícia. Segundo o médico, a posição dela não estava favorável, então tudo indica que seria um trabalho de parto longo e dificil. Estive com Vanessa logo no pós-parto, segurei a pequena no colo, conversamos muito sobre todo o processo. Saí com o coração tranquilo e feliz!


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