Meninas,
o texto de hoje, aqui no blog, não é meu. Ele foi escrito por uma doula portuguesa, a Rebeca, e eu achei tão importante e verdadeiro que quis compartilhar com vocês. É impressionante o número de relatos de parto que eu já li em que o processo "travou" completamente quando a mãe sofreu pressão do tipo "você tem que dilatar em tanto tempo", ou de mulheres que estavam muito preocupadas em não dar tempo de arrumar tudo e que não entraram em trabalho de parto até que conseguissem relaxar em relação a isso. É impressionante a influência de nossos medos e de nosso estresse sobre nossa cria e nosso processo de trazê-la ao mundo. Leiam com carinho!
O medo, a insegurança, a falta de auto-confiança, a distância em relação ao corpo são pesos que carregamos para o parto e vão condicioná-lo. Preparar-se para o parto é sobretudo aliviar a carga.
A parteira mexicana Naoli Vinaver diz que carregamos muitas malas conosco para o parto. Não é só a mala com as nossas roupas e as do bebê. São as malas com tudo o que temos por resolver na nossa vida, com tudo aquilo que o que nos amarra. São malas bem pesadas, por vezes. E às vezes são imensas. Durante o trabalho de parto vamos libertando-nos de muitas delas, vamos nos desamarrando. Por isso se diz que o parto pode ser transformador. Mas se o peso for excessivo, o parto pode arrastar-se, complicar-se ou até não ter início. Por isso, a enfermeira parteira Lúcia Leite diz que "a preparação para o parto faz-se no coração e na cabeça, trabalhando os medos e a auto-confiança." Por isso, o obstetra Ricardo Jones escreve: "Tanto quanto no sexo, existe muito mais no nascimento humano do que o que se pode encontrar no corpo e suas medidas."
Apesar de a obstetrícia ainda não incorporar na sua prática esta evidência científica, a verdade é que se descobriu uma nova dimensão no nascimento, qual seja, a indissociabilidade das emoções e sentimentos ao lado dos eventos mecânicos já conhecidos. Ficou evidente que muitas mulheres falhavam em ter seus filhos de uma forma mais natural porque algo além do corpo as impedia. O medo faz com que as mulheres estejam contraídas e não deixa libertar os hormônios que estimulam as contrações e a dilatação. Isto é assim porque somos mamíferos e a natureza, que sabe o que faz, encontrou esta forma de proteger as nossas crias: elas não nasceriam em ambiente ameaçador, mas apenas quando a mãe estivesse tranquila e segura.
Tendo em conta estas evidências, vale a pena preparar-se e aliviar alguma da sua carga. Faça-o por si e pelo seu bebê. Um parto com menos intervenção é um parto mais saudável, com menos riscos, que leva a um pós-parto infinitamente mais fácil. O poder de dar à luz o seu bebê está em voc só tem de descobri-lo.
Deixamos-lhe algumas dicas:
- Converse com alguém da sua confiança, fale dos seus medos, mesmo daqueles que parecem mais inconfessáveis, mais patetas, mais simples ou mais complicados.
- Se não tem ninguém com quem falar do mais íntimo do íntimo, dos medos mais inconfessáveis, se lhe custa verbalizar, ouvir-se dizer coisas que ainda nem percebeu muito bem... escreva. Um diário de gravidez é bom, mas é para deixar para a história. Escreva num caderno que seja só seu, onde não sinta os olhares de quem vai ler. Registre sentimentos, medos, inseguranças e você vai se libertar de um grande peso. Escrever é uma excelente maneira de colocar pra fora porque ninguém nos está ouvindo, mas também de organizar as ideias, trabalhar os medos, estruturar as prioridades.
- Participe em listas de discussão sobre parto humanizado.
- Procure uma doula que poderá acompanhará-la na gravidez, no parto e no pós-parto dando-lhe apoio emocional, ajudando-a a desfazer muitos dos seus medos.
- Faça uma lista daquilo que quer fazer ou resolver antes de do parto. Não se limite às compras e à preparação do quarto do bebê.
- Pratique ioga ou pilates. Ajuda não só fisicamente, mas também mentalmente, promovendo bem-estar e a união com o bebê.
- Aprenda técnicas de relaxamento ou meditação. Para quem tem altos níveis de ansiedade, estas técnicas são uma excelente forma de encontrar mais tranquilidade e confiança no próprio corpo. Um relaxamento profundo produz ondas cerebrais alfa, diminui a tensão arterial, reduz a tensão muscular, logo reduz também o stress e a ansiedade.
- Visualização positiva: visualizar o bebê estimula a ligação com ele e acalma os medos.
- Abrande o ritmo perto do final da gestação. Se puder, suspenda o trabalho. Dedique-se a fazer o ninho e relaxar. Passeios à beira-mar e ouvir música são boas atividades para aproveitar o fim do tempo de gestação.
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