sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Cesarianas desnecessárias

Bom, meninas, gostaria hoje de explicar para vocês as principais desculpas que os médicos usam para fazer cesárea e porque afirmo com tanta convicção que são desculpas, e não motivos reais.

1. O cordão assassino.

O cordão umbilical é responsável por levar nutrientes para o bebê. Dentro do útero, nosso pequeno bebê movimenta-se o tempo todo. Quem já esteve grávida ou acompanhou de perto uma gravidez deve ter visto que, dentro da mãe, eles chupam o dedo, mudam de posição, brincam com os pezinhos e com o cordão. Eles se enrolam e desenrolam no cordão várias vezes. Vale lembrar, também, que dentro do útero o bebê treina a respiração, inspirando e expirando líquido amniótico, mas não respira ar, já que está imerso em líquido. Gente, por favor. Se o bebê não respira, como o cordão vai matar o bebê sufocado? Outra, o cordão é grande e elástico, o bebê também não vai morrer "estrangulado" pelo cordão. Sendo assim, cordão umbilical enrolado no pescoço, seja uma, sejam duas, sejam três voltas, acontece entre 20 e 37% das gestações e não é indicação para cesárea. Alice mesmo nasceu com o cordão enrolado, coisa que eu já sabia desde a ultrassonografia anterior.




2. Bacia estreita

É impossível, olhando para a bacia de uma mulher, definir de um bebê passa ou não. O que existe, mas é raríssimo, é desproporção céfalo-pélvica, ou seja, o bebê não passa. Atenção: só é possível diagnosticar quando a mulher está totalmente dilatada, ou seja, não tem como saber durante o trabalho de parto, muito menos antes que ele comece. Uma das minhas amigas tem 89 de quadril e pariu, numa boa, um bebê de 4 kg.

3. Prazo de validade da barriga

"Mãezinha... Hoje você completa 39 semanas. O tempo máximo de uma gravidez é 40 semanas. A partir daí, os riscos de morte fetal aumentam muito, e fica muito perigoso esperar..."

Uma gestação normal pode ir tranquilamente até as 42 semanas. Gestação prolongada é a que passa das 42, e não das 40. A única recomendação é, após as 40 semanas, monitorar o bebê para ver sempre se está tudo bem. Estando tudo certo com mãe e bebê, qual é o problema de esperar? Dependendo do quadro, se chega às 41 semanas, pode-se tentar a indução. As alternativas para gestação acima de 41 semanas são, portanto, monitorar e esperar ou induzir o parto. Médico que marca direto a cesárea sem cogitar indução é preguiçoso, mesmo.

4. Não tem dilatação

Dilatação aparece com contrações fortes e doloridas. Antes de entrar em trabalho de parto, algumas mulheres dilatam coisa de 1 a 3 cm, mas isso NÃO É REGRA. O fato de chegar às 38 semanas sem dilatação não significa que a mulher não vá dilatar na hora do trabalho de parto.

Outra coisa: existe uma imensa diferença entre pródromos e trabalho de parto ativo. Os pródromos são o início do TP, quando a mulher começa a sentir contrações levemente doloridas e descompassadas, ou seja, sem intervalos regulares entre elas. Trabalho de parto ativo é quando a mulher está com contrações doloridas, espaçamento regular entre elas e o tempo entre uma e outra diminuindo gradativamente. É aí, e só aí, que a mulher tem que dilatar. E não existe um ritmo determinado pra isso. Algumas mulheres dilatam 1cm por hora, outras tem todo o TP em 2 horas, enfim, não há padrão.

Existem, entretanto, pesquisas que comprovam que quanto mais tranquila e segura a mulher estiver, quanto mais acolhedor for o ambiente, mais rápido ela tende a dilatar.

5. Bolsa rota ou pouco líquido amniótico

O líquido se renova o tempo todo. Partos podem acontecer até 72 horas após a bolsa se romper totalmente, pra vocês terem uma ideia.

6. Bebê grande demais

Gente, a margem de erro das ultrassonografias, principalmente no último mês, é ENORME! Não tem como dizer com certeza o peso de um bebê. Aí o médico diz que o bebê tá passando dos 4kg, a mãe desespera, marca a cesárea, o bebê nasce com 2.900. E aí, quem vai fazer o tempo voltar e devolver o parto roubado? Isso só muda em caso de mãe diabética, algumas vezes os bebês ficam MESMO grandes demais.


Outras desculpas passam por asma, anemia, pressão alta (sem quadro de eclâmpsia), aliviar o cansaço da mãe, etc., etc. Se uma mãe quer escolher uma cesárea, tudo bem, sem problemas, cada uma com sua opção. Mas cair na faca porque está sendo enganada, aí já é demais.

Vale dizer que todos os pseudo-motivos listados acima tem comprovação científica e base em estatísticas. Qualquer dúvida, é só perguntar que eu detalho mais e mostro os dados.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Relato de Parto Normal com Cesariana Prévia

Desejo de coração que minha experiência sirva de incentivo para outras mulheres lutarem por seu direito de parir naturalmente. O parto pra mim foi uma experiência incrível, um marco na minha vida como mulher.

Eu sinto que a gravidez do Carlos Eduardo começou quando nasceu minha primeira filha. Na ida pro centro cirúrgico eu já pensei que da próxima vez eu conseguiria ir até o final. Pra quem não sabe o resumo da minha cesária foi, bolsa rota, indução, 10hrs de TP punk, dessas horas 3 foram estacionadas em 8cm. Segundo o médico rolou distócia de rotação, minha filha entrou em sofrimento e eu fui pra faca.

(Hoje sei que se tivesse ficado em casa esperando entrar em TP, não teria ido pra ocitocina de cara, não teria passado por tantas intervenções e teria muito mais chances de nãot er sofrido uma cesária)

Assim que pude comecei a ler tudo que podia sobre partos normais após cesariana, já tinha lido antes, mas superficialmente porque achei que nunca ia precisar saber mais sobre o assunto. Minha segunda gravidez foi planejada como a primeira e acredito que foi planejada na minha mente parte por parte pra que nada saísse errado. Eu sou daquelas que acha q se pensar e planejar tudo tim tim por tim tim a coisa sai como eu quero, nem sempre, mas na maioria das vezes acontece.

Parei o anticoncepcional em dezembro e mestruei pela última vez início de fevereiro. Tive uma gravidez tranquila como a primeira, pressão sempre boa, enjoei um bocado no início, cuidei pra não engordar, ao todo foram 7 ou 8 quilos. Passou tão rápido que as vezes acho que nem curti tudo direito. Quando fiz a morfológica com 22 semanas, vi um bebê perfeito e lindamente sentado como um Buda! Senti um frio na espinha e pensei: Putz! Só o que me falta ele ficar sentado até o fim. Mas desencanei, afinal era muito cedo.

Com 31 semanas fiz uma nova ultra e lá estava meu bebê sentado, aí nao rolou frio na espinha, foi um medo pavoroso mesmo. Já comecei a ler tudo que podia sobre bbs pélvicos e o que podia fazer pro menino virar. Desabafei com amigas queridas e todas me disseram que tinha muito tempo ainda pra ele virar, mas eu sou teimosa e a sensação de que eu tinha q fazer alguma coisa ecoava na minha cabeça.
A GO q acompanhou o pré natal disse q ainda tinha tempo, mas ressaltou q se tivesse q ser cesariana não era nenhum bicho de sete cabeças, juro q pensei em argumentar, falar q a cesaria pra mim foi traumática, mas sabia q ia gastar meu latim e calei.

Comecei a fazer exercícios pro bebê virar, atirava pra todos os lados e com 33 semanas fiz uma ultra achando q ele tinha virado. Que nada! Tava sentadão. E ainda ouvi do ultrassonografista q ele não virava mais pq tava muito grande. Quase bati no cara. Saí frustrada, com medo, angustiada. Novamente tive amigas queridas q me apararam (não cito nomes pq certamente serei injusta deixando de citar alguém), chorei pra minha doula, mas não desisti, sabia q tinha tempo. Por via das dúvidas combinei com um médico humanizado uma VEC (Versão externa cefálica). Continuei os exercícios e fazia muita massagem na barriga. Muitas vezes achei q estava amassando o bebê de tanto que eu alisava a barriga a fim de induzir a rotação dele. Senti um giro e no segundo dia senti q ele mexia diferente, mas não acreditei q tivesse virado, eu já tinha me enganado antes. Continuei os exercícios e tudo mais e no outro dia voltei a sentir a cabeça dele embaixo do meu estÔmago. Passei o dia pensando q eu o tinha feito sentar novamente.

Cheguei em casa, tomei banho, entupi a barriga de creme e fiquei fazer circulos na direção horária até me cansar, deixei o quadril bem alto e senti uma pressão próximo ao osso do quadril. Pensei na hora: Ele virou. Aí jurei q não fazia mais nada e fosse o que tivesse que ser. Eu estava com 34 semanas e 4 dias.

Na mesma semana fui na GO e não comentei nada sobre minha ansiedade dele virar e qdo ela me examinou e disse q a cabecinha dele tava lá embaixo eu quase tive um treco. Ali tive certeza de que ia dar certo. Só não sabia q eu teria que passar por algumas coisas antes disso.

Com 37 semanas fiz uma ultra a pedido da GO e o resultado foi: Bebê ótimo, mas com perímetro cefálico um pouco acima do normal, indicava como 34,6 cm e o normal era até 33,9 e duas circulares de cordão. É lógico que eu sabia que circular de cordão não indicava nada, mas o tamanho da cabeça me abalou. Mesmo ouvindo q tava tudo bem eu surtei um pouco achando q o bb teria algum problema e pior, q eu tinha causado de tanto empurrar o guri na barriga!hehehe

Fui pra casa um trapo. Depois fui levar o laudo na GO e ouvi tudo que não queria ouvir de uma vez só. Olhando meu ultrassom ela disse que não aconselhava o PN, mas q tb não era preciso marcar cesária, eu podia esperar o TP pq até tinha uma chance de dar certo, mas que tinhamos q ficar de olho. Que eu era muito "zen", mas neste caso tinha q ter mais cuidado porque haviam fatores que complicavam. Os fatores era absurdos, mas vou listar:

-Trabalho de parto longo q resultou numa cesáriana mesmo eu dilatando bem. (Detalhe, eu só fui até 8 de dilatação e a causa da cesária não foi Desproporção Céfalo-Pélvica).

-Cesária recente. (1 ano e 10 meses)

- Bebê grande e cabeçudo. (Estimativa de peso com 40 semanas era entre 3,5kg e 4kg)

- As benditas circulares de cordão. (Segundo ela se não fossem preocupantes a ultrassonografista nem colocaria no laudo)

Ela falou trocentas vezes que podia tentar o PN, mas q não devia ficar muitas horas em trabalho de parto e que se ficassem insistindo muito no PN eu devia ligar pra ela e ela pediria a cesariana. Por fim, ela foi me examinar e como gran finale disse que minha pélvis era estreita. Isso tudo com olhar de terror, como se algo estivesse muito errado e ela não quisesse me assustar!

Saí do consultório com um ódio mortal dela. Eu não conseguia acreditar que tinha ouvido tanta coisa contrariando evidências científicas como ouvi em uma única consulta. Desabafei com amigas e selecionei informações pra passar pra família. O resumo da consulta foi: Tá tudo bem, é só esperar nascer!

Depois de chorar um monte e passar meu aniversário cheia de medos, enfiei na minha cabeça que eu era perfeita, que era super saudável e que meu bebê estava ótimo e que isso garantia boa parte do processo e que o início da minha vitória era acreditar nela.

Não fui na consulta de pré-natal com 38 semanas e na de 39 também. Organizei na minha mente que caso sentisse algo estranho, ou o bebê diminuísse os movimentos eu iria no posto de saúde, mas que na GO eu só ia em última instância.

Eu sabia q ele nasceria antes das 40 semanas.

Dia 3 de manhã acordei sentindo umas contrações doloridinhas. Bem irregulares, mas diferentes da contrações de BH, lembro q ainda na cama pensei: Tá chegando a hora!

Tinha muitas coisas pra fazer naquele dia e fiz todas.

Eu tive contrações irregulares durante a segunda o dia todo. As 1:59 da manhã a bolsa estourou, mas acredito que o rompimento foi alto e o Caê tampava a saída, pq a água foi saindo aos poucos.

Avisei a Re, meus tios que queriam rezar por mim e fui terminar de arrumar as bolsas pq eu não tinha terminado. Botei roupa na secadora, passei umas roupas do bebê, depois resolvi deitar um pouco, mas aí meu marido já tinha acordado e eu tava elétrica.

As 4 e pouco liguei pra Re com contrações de 5 em 5 e liguei pra Gabi (a doula). Voltei pra bola, fiz chapinha no cabelo pq na minha mente bizarra eu não iria mais molhar o cabelo e tb não pretendia lavá-lo na maternidade. A Re e a Gabi chegaram pouco depois das 5, conversamos um pouco e como minha sala tava meio tumultuada e minha filha acordada, sugeri que fossemos pro meu quarto, curti algumas contrações de joelhos no chão, Senti uma queimaçãozinha na região da cicatriz da cesária, comentei coma Gabi e ela disse que provavelmente era a cabeça do bebÊ fazendo o
giro. Lembro de cuidar muito com a posição da minha coluna, tinha lido que quanto mais curvada para tras, mais demorava pro bebê descer, então eu tentava manter a coluna reta. As dores foram aumetando, então pedi pra ir pra banheira. Minhas contrações vinham de 3 em 3 minutos e nos intervalos dava pra conversar numa boa.

A Gabi me falou que eu podia ficar tranquila, que se o bebê nascesse ali ela dava conta, nessa hora confesso que deu uma vontadezinha de ganhar em casa, mas aí lembrei do meu marido e em como o surto seria enorme se isso acontecesse. As contrações iam ficando cada vez mais fortes e eu viajava em cada uma delas, em uma lembro q me dobrei tanto na banheira que quase fiquei com a cara dentro da água (foi-se a chapinha!hehehe). Não lembro bem quanto tempo fiquei dentro da água, mas lembro que comecei a sentir vontade de empurrar, nessa hora pensei em ir pro hospital e avisei as meninas, a Re imediatamente falou que era bom eu ter certeza de que era vontade mesmo de empurrar e pediu pra esperar mais algumas contrações, esperei mais um tempo até que achei que a dor tava aumentando e a vontade de empurrar também.

Saí da banheira, me vesti e desci. Lembro que vi minha avó com cara assustada e meu marido (super tranquilo) com a minha filha. Eu estava tão fora de mim que tinha esquecido de avisar a Gabi que ela me levaria ao hospital, na hora de sair de casa era eu olhando perdida pro marido, ele me olhando estranho, minha avó assustada e minha filha gritando por mim, pra arrematar tive uma contração, acocorei e minha filha desatou a gritar. Fui pro carro aos prantos por deixar minha pequena chorando sem entender nada. Ela estava acordada desde madrugada, estava agitada, certamente sentindo as emoções do momento.

7:00
Ter contrações no carro era bem chato, porque eu não tinha posição pra aliviar as dores, o que dava pra fazer era rebolar. Mal saí de casa reclamei de fome e a Gabi tinha castanhas na bolsa, comi duas e desisti. Abri os olhos poucas vezes, só pra me situar em que ponto do trajeto eu estava. Quando chegamos na cabeceira da ponte que liga ilha ao continente assustei pq tinha muito tráfego. Ficava repetindo que tudo ia dar certo, que ele nasceria bem e de parto normal.

7:30am
Entrei no hospital andando e bem em frente a recepção tive uma contração, me apoiei na parede e só lembro de um homem correndo com uma cadeira de rodas, depois quando abri os olhos novamente já estava em uma pequena sala de triagem. O enfermeiro ajudou a tirar minha roupa e a me deitar na cama pra ser examinada. Eu só pensava que tinha que estar dilatada, meu medo era estar com dores fortes e pouca dilatação. A médica antes de examinar fez algumas perguntas e assim que perguntou como foi o primeiro parto e eu disse que tinha sido cesária eu falei: Mas eu quero parto normal!!
Ela respondeu que iam tentar. Foi a única hora que fiquei brava, afinal, quem "iam" tentar? Eu que ia parir, eu que tinha que dilatar. Pois bem, abri as pernas angustiada, queria saber se tava dilatada ou nao e eis que ouço: Olha o cabelinho!

Eu só não pulei de alegria porque minhas condições físicas impediam, afinal, se dava pra ver cabelinho era sinal de que tava bem dilatada. A médica enfim falou que eu estava com 7cm de dilatação.
Continuei deitada na cama enquanto me faziam perguntas e a Gabi fazia minha internação. Essa hora foi confusa porque eu não tava afim de responder nada, a Re respondia por mim e era podada por quem perguntava. A triagem acabou e me transferiram pra sala de pré-parto. Cheguei lá e um enfermeira obstétrica muito gentil se apresentou e fez um toque.

Acho que já estava com 8cm. A partir desse momento não lembro de mais nada com riqueza de detalhes, fiquei a maior parte do tempo de olhos fechados e quase dormia nos intervalos das contrações. Veio uma moça preencher mais um papel e fazia as mesmas perguntas que eu já tinha respondido, aí minha boa educação já tava longe e eu respondia quase aos berros e dizia que já tinha respondido tudo aquilo. Lembro que pouco depois me examinaram novamente e já estava com quase 9cm, aí me mandaram sentar na bola embaixo do chuveiro. Fiquei lá um tempo e ajudou muito a aliviar as contrações. As vezes eu ouvia a voz da Re do outro lado do box me dizendo pra respirar.

Essa coisa de respirar é muito estranha, porque li bastante sobre como respirar de forma a ajudar a aliviar as dores, mas na hora da dor, respirar direito exigia uma concentração fenomenal e por vezes parecia que não dava pra respirar, só empurrar. Lembro que embaixo do chuveiro eu só queria empurrar, e mesmo que eu tentasse não fazer o corpo não respondia. Aí comecei a falar bem alto que queria empurrar. Outra coisa que me surpreendi comigo mesma é que eu não poupei garganta, na hora da dor eu gemia alto, é como se eu jogasse a dor pra fora.

Me tiraram do chuveiro e voltei pra cama, a médica apareceu, fez toque, 10 cm! Me preparei a gravidez inteira pra ouvir isso. Bem, a médica me falou que eu podia empurrar quando quisesse, que eu que comandava o processo. Fiquei ainda mais confiante e a cada contração eu empurrava com gosto, afinal, a dor não era mortal, mas queria que acabasse logo. Não sei quanto tempo fiquei empurrando, a médica repetia que eu estava indo muito bem, que estava tudo indo rápido e quem dera se todas chegassem no hospital como eu. Por fim ela disse que tava na hora de ir pra
sala de parto. Me ajudaram a sair da cama e me encaminharam pra sala...errada! Acabei tendo uma contração no corredor. Deve ter sido uma cena ilária, eu gemendo alto de dor, meio acocorada, empurrando e a enfermeira com a mão no meio das minhas pernas me falando pra não empurrar. A contração passou e eu entrei na sala certa, sentei na sonhada cadeira para parto de cócoras e comecei a fazer força. Não sei quantas vezes empurrei até que resolvi perguntar se faltava muito, a médica respondeu que mais três contrações nascia. Pensei que três era um número muito grande e na próxima contração fiz toda a força que podia e que não podia, senti o círculo de fogo e a cabeça saindo.

9:36am

A médica pediu que eu parasse de empurrar, aí ouvi ela dizendo: uma circular, duas circulares. Outra contração chegou e o corpo saiu. Vi meu pequeno chorando forte e em seguida foi colocado em meu peito. Lindo, perfeito e preguiçoso, não quis mamar, mas ficou um tempo quietinho sobre mim e eu ali ainda sem acreditar que tinha dado certo. Me veio tanta coisa na cabeça, me senti meio fora do corpo, como se estivesse vendo acontecer sem ser comigo. A Re feliz do meu lado. Levaram o bebê pra examinar e a Re foi junto, a placenta saiu e eu curiosa fiquei observando. Cordão enorme. PEguntei como tava a placenta e disseram que tava ótima e a enfermeira ainda perguntou se eu queria fazer alguma coisa com ela e como eu nem tinha pensado em nada, falei que não.

A médica então me avisou que tive uma laceração de segundo grau e que ela ia suturar. Fiquei lá deitada, pensando em tudo, exausta, com fome, mas feliz.
A sutura pareceu durar uma eternidade, até fiquei perguntando quantos mil pontos eu tinha levado, mas por ser ponto contínuo demorou mais tempo.
Quando terminou e foram me passar pra maca, levantei o corpo e caí deitada novamente. Desmaiei por uns segundos.

Quando percebi tinha enfermeira em cima medindo pressão, me chamando, perguntando como eu estava. Pressão 7 por 9.

Fiquei um tempinho ainda deitada, me passaram pra maca e me deram oxigênio e soro. A Re chegou com o Caê e fomos esperar liberarem o quarto.

Aí começou uma nova etapa, a do pós parto. Era enfermeira em cima perguntando se eu estava melhor, falando como o Caê era bonito e grande, como tudo tinha sido rápido. Fiquei revivendo tudo com a Re, comentando tudo. Amamentando meu filho e feliz da vida porque conquistei algo que desejei tanto, com tanta força.
Fiquei pouco mais de 24 hras no hospital, mas não esqueço de uma reunião que teve com a enfermeira chefe e outras mães que tinham acabado de parir. Cada uma contou um pouco da sua experiência, do que esperava do parto e depois de eu ter falado ouvi a enfermeira dizer a todos como eu tinha seguido um bom caminho, que tinha me preparado pro momento e que tinha sido protagonista do meu parto.

Meu relato não ficou dos melhores, porque muita coisa eu não lembro direito, eu deixei minha mente desligar de tudo na hora, mas espero que sintam um pouquinho da minha alegria.

Agradeço a Deus, a minha família que sempre torceu por este VBAC (parto vaginal após cesariana), à minha amiga querida Regina, que lutou comigo, me incentivando, me dando livros, a Ana Mafalda por ser meu porto seguro, por me dar puxões de orelha quando precisei e a todas as minhas amigas radicais que me ajudaram, apoiaram, contaram suas experiências e confiaram em mim.

Não sei se terei um terceiro filho, mas se tiver, quero passar por tudo isso novamente.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Enxoval

Esse post vai especialmente para a minha irmã Júlia, que me deu a maior alegria depois de ser mãe: vou ser tia!!! Preta, esse baby vem mais do que abençoado, desejado, babado e amado! Estou ATÔNITA de tanta felicidade!!!



Desde a descoberta da gravidez, uma questão povoa o pensamento das mamães: ENXOVAL. São móveis, roupinhas, utensílios, tantas coisas lindas e cheirosas, e queremos, obviamente, o mais lindo de tudo pro nosso baby. Caaaalma, mamães! Muito do que é oferecido no mercado materno-infantil não tem assim tanta utilidade. Hoje vou analisar alguns itens que considero importantes.


MÓVEIS:

- Berço: pra mim, foi fundamental. Mateus e eu somos barulhentos e adoramos TV, então Alice dormiu, desde bem pequena, no berço dela, no quarto dela. É melhor pra nós três. Algumas famílias se dão melhor com a cama compartilhada (bebê dormindo na cama dos pais), e nesse caso o berço se torna inútil. Protetores de berço não são necessários, mas deixam o quarto mil vezes mais fofo. Travesseiro também é dispensável, Alice até hoje não usa. Se o bebê tiver refluxo, aí sim é preciso colocar.

- Cômoda ou guarda-roupa: comprei os dois. Ganhei muitas fraldas mesmo, e precisei de lugar pra guardar. Ainda uso muito os dois, mas acho que só a cômoda ou um guarda-roupa bem dividido já seria o suficiente.

- Trocador: tem gente que usa a parte de cima da cômoda, com um colchonete. Eu amei ter comprado o trocador, Alice, quando bem novinha, simplesmente adorava ficar nele.

- Poltrona de amamentação: um conforto a mais, sem dúvida, mas um sofá confortável ou bons travesseiros na cama são suficientes.




ROUPINHAS:

- Todo mundo fala pra não comprar muita roupinha RN (Recém-nascido) porque o bebê cresce logo e quase não usa. Tudo bem que não vai comprar 20 conjuntinhos desse tamanho, mas tem que comprar alguns, sim. Alice usou bastante, e uma amiga que teve filho pouco antes de mim sofreu porque comprou tudo P pro filho dela e as roupinhas ficavam todas enormes.

- Eles gofam muito nos primeiros meses, logo sujam muita roupa. E não troque logo, não, pra ver o cheiro azedo insuportável que fica! kkkkk! Tenha, sim, um estoque razoável de peças RN e P.

- Os conjuntos chamados de "pagãozinho" (calça+blusinha) são lindos, mas não são práticos. Quando pegamos o baby no colo, é um tal da blusa levantar, ficar costas e barriga de fora, fica desarrumado e dá uma agonia danada. Nossa paixão, por aqui, foram os bodies, com short ou calça por cima. A roupinha fica sempre no lugar.

- Sapatinhos são altamente desnecessários, meinhas já resolvem bem o problema.

- Na Tip Top vendem uns macacõezinhos com mangas e pernas compridas, cobrindo os pezinhos, parte da linha Underwear. O primeiro que compramos pra Alice era todo branco, razão pela qual apelidamos esse tipo de roupa de "fantasminha". Até hoje é unanimidade aqui em casa. A gente põe por baixo de outras roupas quando está um pouco mais frio e ela sempre usa para dormir (cobre o corpo todo sem esquentar demais). Acho um dos melhores investimentos para bebês em termo de roupas.

- Em Brasília não faz muito frio, principalmente na época em que nascerão os bebês das atuais grávidas. Não se impressionem pelo friozinho dos últimos dias. Comprem mais roupas fresquinhas. Mantas, cobertorezinhos, etc, etc, uma manta leve pra enrolar o bebê na hora de sair e um cobertorzinho são mais que suficientes.


UTENSÍLIOS

- Chupeta, se optar por dá-la ao bebê, compre uma só. Alice não aceitou de jeito nenhum, e se torna um gasto inútil.

- Bebê até seis meses deve apenas mamar no peito, deixe pra comprar mamadeiras se e quando for necessário.

- Fraldinhas de pano compre às dezenas. Como disse, essa mania dos bebês gofarem suja muita coisa.

- Móbiles de berço são legais. Distraem o bebê.

- Bebê conforto é essencial. Não entre no carro sem ele.

- Sling é absolutamente tudo de melhor no mundo, principalmente pra bebês novinhos. Ali o bebê fica bem aconchegado à mãe e ela fica com as mãos livres para fazer o que quiser. Além disso, com o bebê bem escondidinho naquele monte de pano, ninguém tem coragem de ficar pegando no colo o tempo todo, o que é um saco para mãe e bebê. Também compramos aquele canguru (que o bebê fica pendurado em algo que parece uma mochila), mas não funcionou muito bem,não...

- Resista à tentação de comprar super-carrinhos. Aquele carrinho que desmonta que nem guarda-chuva é o único que realmente vale a pena.

- Banheira: usamos pouquíssimo. O banho de balde costuma ser mais gostoso pra criança e menos trabalhoso para os pais.



Se lembrar de mais coisas, vou colocando por aqui!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Antes de ser mãe - Silvia Schmidt

Antes de ser mãe, eu fazia e comia os alimentos ainda quentes. Eu não tinha roupas manchadas,tinha calmas conversas ao telefone. Antes de ser mãe, eu dormia o quanto eu queria, nunca me preocupava com a hora de ir para a cama. Eu não me esquecia de escovar os cabelos e os dentes.


Antes de ser mãe, eu limpava minha casa todo dia. Eu não tropeçava em brinquedos e nem pensava em canções de ninar. Antes de ser mãe, eu não me preocupava se minhas plantas eram venenosas ou não. Imunizações e vacinas então, eram coisas em que eu não pensava.


Antes de ser mãe, ninguém vomitou e nem fez xixi em mim, nem me beliscou sem nenhum cuidado, com dedinhos de unhas finas. Antes de ser mãe, eu tinha controle sobre a minha mente, Meus pensamentos, meu corpo e meus sentimentos, e dormia a noite toda.


Antes de ser mãe,eu nunca tive quesegurar uma criança chorando, para que médicos pudessem fazer testesou aplicar injeções. Eu nunca chorei olhando pequeninos olhos que choravam. Nunca fiquei gloriosamente feliz com uma simples risadinha, nem fiquei sentada horas e horas olhando um bebê dormindo.


Antes de ser mãe, eu nunca segurei uma criança, só por não querer afastar meu corpo do dela. Eu nunca senti meu coração se despedaçar, quando não pude estancar uma dor. Nunca imaginei que uma coisinha tão pequenina pudesse mudar tanto a minha vida e que pudesse amar alguém tanto assim.


Eu não sabia que eu adoraria ser mãe. Antes de ser mãe, eu não conhecia a sensação, de ter meu coração fora do meu próprio corpo. Não conhecia a felicidade de alimentar um bebê faminto. Não conhecia esse laço que existe entre a mãe e a sua criança. E não imaginava que algo tão pequenino, pudesse fazer-me sentir tão importante.


Antes de ser mãe, eu nunca me levantei à noite toda , cada 10 minutos, para me certificar de que tudo estava bem. Nunca pude imaginar o calor, a alegria, o amor, a dor e a satisfação de ser uma mãe. Eu não sabia que era capaz de ter sentimentos tão fortes. Por tudo e, apesar de tudo, obrigada Deus, Por eu ser agora um alguém tão frágil e tão forte ao mesmo tempo. Obrigada meu Deus, por permitir-me ser Mãe!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Não vá carregada para o parto

Meninas,


o texto de hoje, aqui no blog, não é meu. Ele foi escrito por uma doula portuguesa, a Rebeca, e eu achei tão importante e verdadeiro que quis compartilhar com vocês. É impressionante o número de relatos de parto que eu já li em que o processo "travou" completamente quando a mãe sofreu pressão do tipo "você tem que dilatar em tanto tempo", ou de mulheres que estavam muito preocupadas em não dar tempo de arrumar tudo e que não entraram em trabalho de parto até que conseguissem relaxar em relação a isso. É impressionante a influência de nossos medos e de nosso estresse sobre nossa cria e nosso processo de trazê-la ao mundo. Leiam com carinho!




O medo, a insegurança, a falta de auto-confiança, a distância em relação ao corpo são pesos que carregamos para o parto e vão condicioná-lo. Preparar-se para o parto é sobretudo aliviar a carga.


A parteira mexicana Naoli Vinaver diz que carregamos muitas malas conosco para o parto. Não é só a mala com as nossas roupas e as do bebê. São as malas com tudo o que temos por resolver na nossa vida, com tudo aquilo que o que nos amarra. São malas bem pesadas, por vezes. E às vezes são imensas. Durante o trabalho de parto vamos libertando-nos de muitas delas, vamos nos desamarrando. Por isso se diz que o parto pode ser transformador. Mas se o peso for excessivo, o parto pode arrastar-se, complicar-se ou até não ter início. Por isso, a enfermeira parteira Lúcia Leite diz que "a preparação para o parto faz-se no coração e na cabeça, trabalhando os medos e a auto-confiança." Por isso, o obstetra Ricardo Jones escreve: "Tanto quanto no sexo, existe muito mais no nascimento humano do que o que se pode encontrar no corpo e suas medidas."


Apesar de a obstetrícia ainda não incorporar na sua prática esta evidência científica, a verdade é que se descobriu uma nova dimensão no nascimento, qual seja, a indissociabilidade das emoções e sentimentos ao lado dos eventos mecânicos já conhecidos. Ficou evidente que muitas mulheres falhavam em ter seus filhos de uma forma mais natural porque algo além do corpo as impedia. O medo faz com que as mulheres estejam contraídas e não deixa libertar os hormônios que estimulam as contrações e a dilatação. Isto é assim porque somos mamíferos e a natureza, que sabe o que faz, encontrou esta forma de proteger as nossas crias: elas não nasceriam em ambiente ameaçador, mas apenas quando a mãe estivesse tranquila e segura.


Tendo em conta estas evidências, vale a pena preparar-se e aliviar alguma da sua carga. Faça-o por si e pelo seu bebê. Um parto com menos intervenção é um parto mais saudável, com menos riscos, que leva a um pós-parto infinitamente mais fácil. O poder de dar à luz o seu bebê está em voc só tem de descobri-lo.


Deixamos-lhe algumas dicas:


- Converse com alguém da sua confiança, fale dos seus medos, mesmo daqueles que parecem mais inconfessáveis, mais patetas, mais simples ou mais complicados.


- Se não tem ninguém com quem falar do mais íntimo do íntimo, dos medos mais inconfessáveis, se lhe custa verbalizar, ouvir-se dizer coisas que ainda nem percebeu muito bem... escreva. Um diário de gravidez é bom, mas é para deixar para a história. Escreva num caderno que seja só seu, onde não sinta os olhares de quem vai ler. Registre sentimentos, medos, inseguranças e você vai se libertar de um grande peso. Escrever é uma excelente maneira de colocar pra fora porque ninguém nos está ouvindo, mas também de organizar as ideias, trabalhar os medos, estruturar as prioridades.


- Participe em listas de discussão sobre parto humanizado.


- Procure uma doula que poderá acompanhará-la na gravidez, no parto e no pós-parto dando-lhe apoio emocional, ajudando-a a desfazer muitos dos seus medos.


- Faça uma lista daquilo que quer fazer ou resolver antes de do parto. Não se limite às compras e à preparação do quarto do bebê.


- Pratique ioga ou pilates. Ajuda não só fisicamente, mas também mentalmente, promovendo bem-estar e a união com o bebê.


- Aprenda técnicas de relaxamento ou meditação. Para quem tem altos níveis de ansiedade, estas técnicas são uma excelente forma de encontrar mais tranquilidade e confiança no próprio corpo. Um relaxamento profundo produz ondas cerebrais alfa, diminui a tensão arterial, reduz a tensão muscular, logo reduz também o stress e a ansiedade.


- Visualização positiva: visualizar o bebê estimula a ligação com ele e acalma os medos.


- Abrande o ritmo perto do final da gestação. Se puder, suspenda o trabalho. Dedique-se a fazer o ninho e relaxar. Passeios à beira-mar e ouvir música são boas atividades para aproveitar o fim do tempo de gestação.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Sintomas da gravidez

ATRASO NA MENSTRUAÇÃO


Por quê? A menstruação é a eliminação do óvulo não utilizado. Se a mulher engravida, o organismo não tem o que eliminar, pois utilizou o óvulo. As estatísticas dizem que 65% dos atrasos mentruais são causados por gravidez. Os outros 35% são causados por estresse, emoções fortes, má alimentação, exercícios físicos, etc.



NÁUSEAS E VÔMITOS


Por quê? Aumento da quantidade de hormônios femininos, gerando maior sensibilidade olfativa e produção em excesso dos ácidos estomacais.

Como amenizar? Evitar alimentos com cheiro muito forte, deixar bolachas de água e sal ao lado da cama e comer antes de levantar (devagar, e ficar um pouco na cama depois disso), comer pouco várias vezes ao dia, o cheiro do limão costuma acalmar a náusea.


DORES DE CABEÇA


Por quê? Alteração hormonal e aumento da circulação sanguínea no corpo.

Como amenizar? Se for o caso de tomar remédio, opte pelo Paracetamol, nunca aspirina ou dipirona. Sem medicação, recomenda-se sair ao ar livre e respirar ar puro, massagens, compressa de água morna ao redor da cabeça, atividades físicas e acumpuntura.


CANSAÇO E SONO FREQUENTES


Por quê? O cansaço é um dos sintomas mais comuns no início da gravidez, ocorre devido ao aumento dos níveis de progesterona e à diminuição geral do metabolismo para que o organismo "se concentre" no bebê que está sendo gerado.

Como amenizar? Procure repousar ao menos após as refeições. Sempre que possível, deite, descanse, respeite os novos limites do seu corpo.


SEIOS DOLORIDOS


Por quê? O aumento dos hormônios femininos levam à estimulação das glêndulas mamárias; o volume dos seios costuma aumentar, a aréola fica mais escura, os seios ficam sensíveis e doloridos. Às vezes as veias também ficam mais salientes.

Como amenizar? Tente usar sutiãs com melhor sustentação.



Vale lembrar que é muito difícil uma mulher grávida apresentar todos esses sintomas de uma só vez. Cada gravidez traz consigo um ou dois desses sintomas, geralmente. No meu caso, sonolência constante e algumas náuseas leves. Esses sintomas costumam durar apenas o primeiro trimestre, mas algumas mulheres os sentem durante toda a gravidez.

sábado, 10 de dezembro de 2011

O parto da Alice


Só pra fechar legal o assunto 'parto' antes de passar para tópicos mais amenos, segue o relato detalhado do nascimento da minha pequetucha número 1:


“Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade” (Raul Seixas)

Sempre sonhei em ser mãe. Ainda adolescente, sonhei estar grávida e chorei copiosamente quando acordei e vi que a barriga não estava lá. Sempre sonhei ter um filhotinho que precisasse de mim pra tudo, que se formasse dos meus tecidos, que se alimentasse do meu alimento, que me perpetuasse para sempre e me fizesse ter a certeza de que minha passagem pela Terra não foi vã.

Descobri-me grávida em março deste ano, na primeira ovulação após parar o anticoncepcional. O sentimento de perplexidade era ainda maior do que a felicidade, uma sensação de que não era possível que uma coisa tão abençoada fosse real. E era. Meu marido e eu estávamos, a partir daí, vivendo, juntos, nosso maior sonho. E junto conosco, um monte de gente de vários lugares do Brasil. Através da GPM conectei-me a outras mulheres que seriam mães em novembro, e que se tornaram grandes amigas reais, e a outras tantas mães e futuras mães. Diariamente aprendendo sobre o que fazer e desenvolvendo, junto com o sonho Alice, o sonho de um parto normal. Sonho que se sonha junto, meninas, é realidade.

Foi MUITO DIFÍCIL encontrar uma estrutura de apoio ao meu sonho. Todo médico nesse país diz que faz parto normal. Todos os que eu visitei diziam fazer. E eu não acreditava em nenhum deles. Tornei-me presunçosa, orgulhosa, queria, sim, saber mais do que eles. E, desculpem-me, eu sei mesmo. Eu me preparei, eu estudei, eu li, eu me informei de todas as maneiras possíveis para saber o que queria e podia. Finalmente encontrei minha doula, Rafaela, que conseguiu minha tábua de salvação: doutora Luciani Fiori. Ela não faz parto normal pelo meu convênio, mas abriu uma exceção a pedido da Rafa. E o sonho começou a se concretizar.

Tudo certo: ginecologista, doula, hospital, acompanhante, enxoval, quarto, móveis. Tomando chá de folha de framboesa todos os dias. Tudo pronto pra chegada da Alice, só faltava um detalhe: ela querer chegar. As pessoas perguntavam: “Essa menina não vai sair daí mais não?” e eu respondia: “Não. Ela assiste ao Jornal Nacional comigo todos os dias, pra que que ela vai querer sair da barriga?”. E ia levando aparentemente despreocupada. Mas a cada dia, a partir das 38 semanas, minha ansiedade tornava-se maior e maior.

No final da 39ª semana, a dra Lu disse que esperaria até 40 semanas e 5 dias, depois disso marcaria a indução. Fiquei desesperada. Como disse, li muito, e só pensava em vários relatos de parto que acabaram em cesárea por causa de induções que não funcionassem. Por mais que soubesse que a gestação poderia ir até as 42 semanas, me sentia incompetente, como se não desse conta de fazer o que toda mulher nasceu pra fazer. Com 40+5, tinha consulta. Íamos marcar a indução. Mas os céus conspiram a favor de um sonho: tudo deu tremendamente errado. Tudo. Os dois carros deram defeito, meu marido teve uma série de problemas, eu dando crises de choro, a doula cancelou consulta, enfim: tudo muito difícil. No meio de muito estresse, saí para caminhar.

Gente, quem me via na rua achava que eu era doida. Sério. Eu ia andando rápido, em ritmo de exercício, e, de tempos em tempos, agachava. No meio disso tudo, ia falando com Alice na barriga. Expliquei a ela que, se decidisse sair dali, eu iria trabalhar junto com ela, e o nascimento seria um momento de nós duas. Que se ela não quisesse, teria um remedinho ajudando, e que ela talvez não gostasse. E que mesmo com o remedinho, poderia ser que tivessem que tirar ela de lá sem ela querer. Enfim, conversei com ela, me exercitei, chorei. Em casa, escrevi pra ela uma longa carta, explicando como me sentia e como as coisas poderiam evoluir.

De madrugada, nessa mesma noite, fui ao banheiro e expeli uma quantidade pequena de sangue, creio que o tampão. Começaram umas cólicas bem parecidas com as de menstruação, fininhas e que iam e vinham. Senti essas dorezinhas a manhã inteira, e o fato de elas irem e virem me fez pensar que poderia ser o início do trabalho de parto. Os vários relatos que li me fizeram ficar calma e lembrar que esse estágio costuma durar muito tempo, às vezes dias. Comecei, por via das dúvidas, a cronometrar as contrações usando o “contraction master”, a ferramenta indicada pela Melissa (MARAVILHA! NOS AJUDOU MUITO NO PROCESSO!), e o intervalo entre elas ia variando entre 6 e 14 minutos, sem grande regularidade.

Às 13h30min, consulta com a doutora Lu. Ela fez o toque, viu que eu tinha 2 cm de dialatação e descolou as membranas. Disse que se até sábado de manhã nada acontecesse, ia induzir. Deixamos combinado assim. No caminho pra casa, as tais cólicas se intensificaram. No trajeto entre o consultório e minha casa, que dura uns 30 minutos, tive umas quatro. Já eram, oficialmente, as contrações. Eu sabia que as coisas estavam acelerando, mas ainda estava um tanto descrente, com medo de me deixar empolgar pelos tais pródromos.

Em casa, deitada, as contrações se intensificaram. Descobri, então, o que era a tal dor do parto. Ô, gente, não vou enganar vocês, não: é horrível, dói demais da conta! Mas sendo totalmente sincera: vale a pena cada dor. Bom, as contrações se regularizaram rapidamente. Às 16h, já vinham de 4 em 4 minutos. O problema é que a duração delas era grande (entre 1,5 e 2 minutos) e eu quase não tinha intervalo para descansar. Fiquei com medo de que alguma coisa estivesse errada, pois tudo estava evoluindo rápido demais. Marido ligou pra doula, que pediu que fôssemos até o consultório dela (fica no mesmo corredor do consultório da dra Lu e é caminho para o hospital onde eu ganharia bebê). Chegando lá, fui direto pra dra Lu, que fez o toque e viu que eu estava com 4 cm de dilatação. Eu estava muito nervosa e cada contração me enlouquecia. A Rafa me levou, então pro consultório dela. Colocou nas minhas costas um aparelhinho que trouxe da Inglaterra e que ajudava a aliviar as dores (ele vai dando choquinhos ritmados em pontos estratégicos das costas) e me ensinou a respirar e a lidar com as contrações quando elas vinham. Santa Rafa: as dores eram as mesmas, mas eu conseguia me manter calma e visualisar minha Alice descendo e fazendo a parte dela Eu não conseguia falar, mas em pensamento dizia o tempo todo: É isso mesmo, filha! Não precisa ter medo de machucar a mamãe! Você está fazendo a sua parte e a mamãe está fazendo a dela, você vai nascer pelo trabalho de nós duas!

Do consultório da Rafa, direto para o hospital. Às 20h, dra Lu passou pelo quarto e fez novo toque: 8 cm. Nem acreditei! 6 cm em 4 horas! Bendito chá de folha de framboesa, eu tenho CERTEZA de que foi ele o responsável pelo TP rápido! O problema é que Alice ainda estava muito alta. Dra Lu e a doula queriam que eu me movimentasse, agachasse durante as contrações, enfim, tentasse fazer Alice descer, mas qualquer coisa que eu fazia nesse sentido fazia com que as contrações doessem MUITO mais, e eu simplesmente não conseguia. Aí eu, que estava muito controlada, comecei a chorar e a me descontrolar. A Rafa, então sugeriu analgesia leve, e eu aceitei. Fui andando até o centro obstétrico, parando a cada contração.

Aplicar a peridural foi um trabalho imenso. Tenho uma tatuagem precisamente em cima da coluna (para esconder uma cicatriz de uma cirurgia de coluna), então o anestesista tinha que encontrar um ponto sem tinta, furar, desviar do fio de platina que foi colocado na tal cirurgia, isso tudo comigo tendo uma contração em cima da outra. E ele, ainda assim, fez um trabalho formidável: eu sentia ainda as dores da contração, conseguia fazer força e senti perfeitamente minha filha passando pelo canal vaginal e saindo.

Sim, o expulsivo. UMA DELÍCIA!!!! Eu, que tinha tanto medo da saída do bebê, adorei tudo. Amei fazer força. Uma depois da outra. Na sala do parto, meu marido à direita, minha doula à esquerda, meu tio (enfermeiro) observando, minha prima (técnica em enfermagem) tirando as fotos. Apesar de ser um parto hospitalar, me sentia totalmente em casa. Quando ouvi o “Já estou vendo os cabelinhos dela”, arrepiei inteira. Mais umas duas forças e ouvi a ginecologista dizer pra Rafa “Acho que vou ter que dar um ‘piquezinho’ aqui”. Gente, desci na hora da partolândia – “Não precisa!!! Eu tô sentindo a cabecinha dela, eu consigo!!!” A médica se surpreendeu por, apesar da analgesia, eu conseguir sentir. Mais duas forças só e ela nasceu. Com circular de cordão bem apertada, a médica pinçou e cortou na hora. O pediatra colocou ela no meu colo, mas levou logo pra examinar, porque ela estava bem roxinha mesmo. Marido ficou indo e voltando, me mostrando as fotos pra eu ver que estava tudo bem. Logo depois, trouxeram ela de volta, coloquei no colo, tentei amamentar. A coisa mais linda do mundo: 48cm, 2.960kg de pura gostosura. Laceração mínima (4 pontinhos só, e que estão incomodando. Imagina se fosse uma episio???).

E estamos nos dando muito bem em família. O primeiro dia foi difícil porque ainda não conseguia dar o peito direito pra ela, que ficava querendo o tempo todo. Não dormiu, nem nós. Agora, está uma beleza: mama e dorme.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O Parto Normal







O que é?







É o processo que acontece desde que o mundo é mundo: a saída do bebê pelo canal vaginal.








Quais são os procedimentos?







Aguarda-se que a mulher entre em trabalho de parto. Isso acontece com as chamadas contrações uterinas, que costumam, sim, ser doloridas. Essas contrações fazem com que a cabeça do bebê pressione os ossos da bacia, que se dilatam para a passagem da criança. Se a opção for por um parto hospitalar, a mulher deve aguardar em casa até que as contrações estejam ritmadas e regulares, coisa de uma a cada três minutos. Segue-se, então, para o hospital, onde ela fica em uma sala de pré-parto, sendo examinada em certos intervalos de tempo, até que chegue aos nove centímetros. Nesse momento, costuma ser encaminhada para a sala de parto. Caso a bolsa ainda não tenha sido rompida, os médicos costumam fazê-lo nesse momento. Já com dilatação completa, a mulher sente uma forte vontade de fazer força junto com a contração. A cada força, o bebê vai descendo pelo canal vaginal. Quandoo chega o momento do expulsivo, muitas mulheres dizem sentir o "círculo de fogo", uma forte ardência na região genital, devido ao início da passagem da cabeça do bebê. Mais algumas forças e o bebê nasce. Nesse momento, as dores e incômodos cessam instantaneamente. Pouco tempo depois, o organismo da mulher expulsa naturalmente a placenta, processo que costuma ser ainda mais rápido se o bebê mamar logo ao sair de dentro da mãe.










Como é a recuperação?




Assim que o bebê nasce, a mulher está pronta para tomar banho, se alimentar, conversar ou o que quiser fazer.







Quais são os riscos?





Os riscos de um parto normal com pré-natal realizado adequadamente são quase nulos. Pode acontecer, por exemplo, de o trabalho de parto de prolongar demais e, por algum motivo, o bebê entrar em sofrimento, mas uma equipe adequada sabe identificar qualquer necessidade e encaminhar para uma cesárea, se for o caso.








Quando é indicado?





Sempre que não houver risco para mãe e bebê (casos em que a cesariana é indicada, listados no post anterior). Se não houver indicação expressa de cesárea, o caminho correto é o parto normal.




Benefícios para a mãe




Os hormônios que induzem o início do parto também aceleram a descida do leite. Ou seja, a mãe que tem Parto Normal costuma ter leite antes do que a mãe que faz cesárea. A recuperação é bem mais rápida (em 24 a 48 horas a mãe tem alta; na cesárea, recomenda-se entre 60h e 72h) e a tendência é que a barriga "volte para o seu devido lugar" mais rapidamente. Além disso, é mais seguro, pois corre-se muito menos risco de infecção do que em uma cesariana. O útero volta mais rapidamente ao tamanho normal e permanece íntegro, ou seja, não é cortado. Outro detalhe importante: a cada parto normal, o trabalho de parto costuma ser mais rápido e fácil, seu organismo meio que "aprende" o jeito da coisa. E o maior benefício de todos: a mãe participa ATIVAMENTE do nascimento do bebê. Ela o traz ao mundo e a equipe média assiste e ajuda se houver necessidade. No caso da cesariana, a equipe médica traz o bebê ao mundo e a mãe apenas assiste.





Benefícios para o bebê





Mais seguro. 12% dos bebês que nascem de cesariana vão para a UTI. Em casos de parto normal, essa porcentagem é de apenas 3%. Além disso, a criança respira melhor, pois a passagem pelo canal vaginal comprime o tórax do bebê e faz com que o líquido amniótico seja expelido antes do nascimento. O "estresse" das contrações é o que faz com que os pulmões sejam preparados para respirar a todo vapor. Garante-se também, que o bebê está, de fato, pronto para nascer, ou seja, que toda a sua formação está completa e ele é capaz de sobreviver sem desconforto no mundo externo.




Malefícios para a mãe





Às vezes é necessária a realização de episiotomia (um pequeno corte na área genital para facilitar a passagem do bebê) esse procedimento tem sido realizado como rotina, mas na maioria das vezes não é necessário, ou ocorrem pequenas lacerações (rompimento da pele). Costumam cicatrizar bem mais rápido do que os cortes de uma cesariana e podem ser evitados com exercícios para fortalecer o períneo, durante a gravidez, mas, enfim, eu tinha que escrever alguma coisa aqui. Ah, claro, tem a falta de comodidade, pois o bebê não escolhe a hora de nascer, então você pode entrar em trabalho de parto no meio da madrugada. E tem as dores. Essas são bem chatas, mesmo, mas uma boa preparação e uma boa doula na hora do parto fazem milagres e aliviam muito esses "últimos abraços" do seu corpo no bebê.




Malefícios para o bebê






Não há.















E a minha opinião? Alice nasceu de parto normal. E se eu tiver dez filhos, quero os dez de parto normal. A dor é mesmo horrorosa, não tem como eu dizer que uma contração é gostosa, mas dá para lidar com ela, sim. E cada contração é uma a menos no caminho de ter o bebê nos braços, pensar nisso é um grande alívio durante o trabalho de parto. O momento do expulsivo, quando o bebê sai de dentro da mãe, é extremamente prazeroso, e participar ativamente do nascimento do seu filho é simplesmente fantástico, estar de posse de todos os seus movimentos o tempo todo, não se sentir presa ou limitada é bom demais. Logo após o nascimento da minha pequena, fui para o quarto, fui ao banheiro, tomei banho, comi (estava morreeendo de fome, pois não consegui comer durante o trabalho de parto), conversei com as pessoas, enfim, tudo normal. Recusei até os antiinflamatórios que me ofereceram, sem medicação, até porque tudo passa um pouco pro leite. A dor você esquece imediatamente após o parto, mas ser você mesma a carregar, dar banho e cuidar do seu filho sem desconforto, isso não tem preço.










Amores, esses posts sobre cesariana e parto normal foram bem adiantados. Meu plano era deixá-los mais pra frete, mas quis já dar uma luz para minha lindinha Ana Flávia, que espero que tenha lido tudo direitinho. Agora, volto a tratar de temas mais "leves" e referentes ao início da gravidez, que é o que eu estou vivendo agora. Podem sugerir temas, também, se quiserem. Beijinhos!!!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Cesariana



O que é?



É uma intervenção cirúrgica para a retirada do bebê de dentro do útero materno.




Quais são os procedimentos?


A mãe chega à maternidade em jejum prévio de 12 horas. Preenche as fichas, tem batimentos cardíacos e pressão arterial aferidos, segue para o pré-parto. Lá, é colocada no soro para que se mantenha hidratada, pois continua não podendo se alimentar. A mulher é anestesiada, porém permanece consciente, a não ser que esteja muito nervosa, caso em que pode acontecer a sedação. Após a anestesia, a mulher começa a sentir as pernas "formigando" ou fracas, significa que o anestésico está fazendo efeito. É colocado um pano para isolar a área, o que faz com que a mulher não consiga enxergar os cortes que estão sendo feitos, o sangue e, consequentemente, o nascimento do bebê. Nesse momento é feita a assepsia da barriga e um corte de 10 a 15cm, bem embaixo da barriga. O obstetra corta pele, tecido subcutâneo, a capa dos músculos, o peritônio da parede abdominal e o útero. Fura-se a bolsa, coloca-se a mão entre a cabeça e o útero, para fazer com que o bebê saia pela abertura já feita. Todo esse procedimento dura cerca de uma hora.


Como é a recuperação?


A mulher só vai para o quarto após no mínimo uma hora após a realização da cirurgia, quando for capaz de mover adequadamente as pernas. Como é colocada uma sonda, nas 12 horas seguintes é provável que a mulher não consiga urinar. A mulher deve tomar antibióticos e antiinflamatórios e evitar esforços e carregar pesos por causa dos muitos pontos.


Quais são os riscos?


Os mesmos de qualquer outra cirurgia ( infecção hospitalar, hemorragia, problemas com a cicatrização), somados aos riscos da anestesia (aumento da pressão e reação a anestesia ). E lógico, um risco de erro médico (humano) - cortar alguma parte que não deve, esquecer algo dentro de você.


Quando é indicada?


Pergunta difícil. A resposta a ela depende de SEGUNDO QUEM. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a cesárea é um procedimento de urgência, que deve ser realizado em casos bem específicos. Os motivos que justificam uma cesárea são: prolapso de cordão, descolamento prematuro da placenta com feto vivo, placenta prévia parcial ou total, bebê transverso, herpes genital com lesão ativa. Também pode ser necessária em caso de desproporção céfalo-pélvica e sofrimento fetal, detectáveis só em trabalho de parto.


Porém, segundo os médicos, um quinquilhão de coisas também "viraram" indicações de cesárea, pelos motivos citados no post anterior. Dentre as desculpas mais usadas estão: cordão enrolado no pescoço, bolsa rompida sem dilatação imediata, falta de dilatação antes ou no início do trabalho de parto, bacia estreita, passar de 39 semanas, anemia, asma, trombose e qualquer outro probleminha de saúde da mulher, diabetes gestacional, blá, blá, blá. Mais pra frente falarei mais detalhadamente sobre cada um desses motivos.



Benefícios para a mãe




  • Não sentir nenhuma dor, claro que por causa dos remédios, afinal ela está sendo toda cortada, é uma cirurgia, e claro que corre-se o risco de complicações como de uma amiga, que teve vários pontos estourados e sentiu muita, muita dor.


  • Conveniência. Hoje os médicos permitem à mãe escolher a data e hora mais convenientes para o nascimento do bebê, o que permite uma data legal para as lembrancinhas, um charminho tipo "Nasceu em 11/11/2011!!!", organizar as visitas e coisa e tal.


Benefícios para o bebê




  • NENHUM. Nenhum mesmo, gente.

Malefícios para a mãe


Como a cesariana abre cirurgicamente o útero, cada cesárea tende a ser mais difícil que a anterior. Os médicos recomendam que a mulher espere ao menos 2 anos antes de engravidar novamente, pois há risco de ruptura uterina. Além disso, um número elevado de cesáreas torna a operação cada vez mais arriscada. Ou seja, pra quem quer ter muitos filhos, isso pode ser um problema.



Malefícios para o bebê


O principal problema da cesariana para o bebê é que não há como precisar o momento em que ele está pronto para nascer. Os médicos dizem que ele está "maduro" às 37 semanas. Entretanto, as ultrassonografias possuem uma margem de erro de até duas semanas. Ou seja, com 37 semanas, o bebê pode estar ainda com 35, e nem estar com os pulmões plenamente formados. Além disso, cada bebê se desenvolve em um ritmo. Alice nasceu com 40 semanas e 6 dias. Eu entendo que a mulher entra em trabalho de parto quando chega a hora de o bebê nascer, sendo assim, a cesárea agendada sempre tira o bebê antes de ele estar, de fato, pronto para seu nasciemento. Como os pulmões são a última parte do bebê a ficar pronta, as cesáreas agendadas explicam a grande quantidade de bebês que tem que ficar na UTI "um pouquinho", pois nascem com "desconforto respiratório". Mesmo em casos de cesárea necessárea, recomenda-se que a mãe primeiro entre em trabalho de parto, e então a cirurgia seja realizada. Não existe recomendação médica que justifique uma cesárea agendada, apenas a comodidade de pais e médicos.





Agora, depois dessa quinquilhada de informações, vem a minha opinião. Para não fazer cesárea agendada, no Brasil, é necessário que a mulher seja uma guerreira. Que ela entenda cada uma dessas indicações que eu coloquei, e que procure se informar de cada detalhe. Se você "não sabe bem o que quer", a decisão já está tomada por você: CESÁREA. Eu jamais optaria por uma, por tudo que coloquei acima. Entretando, como fugir dela requer uma conscientização muito grande e muita força de vontade, também não julgo quem "foi na onda", nem mesmo quem achou que teve escolha, mas as únicas opiniões que ouviu foram do médico e da família. As mulheres hoje não têm escolha, têm que lutar contra a maré.






terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A escolha do ginecologista


Sabendo-nos grávidas, de um ou de dois, vem a mais importante das decisões. Quem será o ginecologista-obstetra que irá acompanhar a gravidez?

Normalmente a gente faz as primeiras consultas com quem foi nosso ginecologista a vida inteira, ou pelo menos nos últimos tempos. Só que rapidamente você descobre que não é a mesma coisa. Nem de longe.

A escolha do ginecologista passa diretamente pela escolha da via de parto. Eu não entendo e não consigo conceber uma pessoa optar por uma cesariana. Imagino que toda mulher com um pouco de amor por si mesma e por seu filho, podendo escolher, escolheria parto normal. Só que os médicos de hoje, principalmente os que atendem por convênio, têm, na maior cara de pau, roubado esse sonho de seus pacientes. Claro, meninas, é só pensar um pouco: eles ganham a mesma coisa por cesárea ou por parto. No parto normal, correm risco de cancelar consulta, sair de madrugada, chegam ao hospital e ainda esperam um bom tempo pelo nascimento do bebê, e ganham um valor X. Na cesárea, marcam logo umas cinco, no dia que lhes é conveniente, e vão embora faturando 5X.

Mas gente... Se o médico virasse pra você, assim na primeira consulta, e dissesse: "Olha, Fulana, você vai me desculpar, mas pra mim parto normal não vale a pena. Se você quiser que seu bebê nasça comigo, tem que ser cesárea", seria lindo. Você saberia onde está se metendo. Mas nãããããoooo. Eles vão te cozinhando em banho-maria e no final da gravidez inventa uma desculpa para te operar.

Mas calma, gata. Você tem meu blog. Como saber se seu médico realmente pretende fazer seu parto normal ou se ele quer te botar na faca?

1. Converse sobre o parto. Se ele vier com aquela conversa de "É muito cedo pra falar sobre isso...", pé atrás. A hora de esclarecer as dúvidas é quando elas surgem, independente do tempo de gestação.

2. Observe a sala de espera. Ele nunca desmarcou uma consulta por causa de parto? Desconfie.

3. Pergunte. Converse com as outras pacientes da sala de espera. Converse com a secretária. Pergunte sobre os últimos partos que o médico fez.

4. Se ele vier com conversa de "Normal só se vier até a 39ª semana", e outras bobagens de que falaremos nos próximos posts, cesarista na certa.

São só algumas dicas. Outras virão!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

E se forem dois?





Normalmente, entre a sexta e a oitava semana, a mamãe faz a ultrassonografia que comprova, de fato, a gravidez e faz com que ela comece a acreditar que está de fato grávida: é quando se ouvem, pela primeira vez, os batimentos cardíacos do bebê. O som das batidinhas do coração costumam trazer lágrimas aos olhos dos pais e são a comprovação de que, realmente, há um serzinho crescendo ali dentro. Mas e se, de repente, não houver apenas um coraçãozinho batendo, e sim dois? E se forem gêmeos, meu Deus???

Ao contrário do que se pensa, todo mundo tem chance de ter uma gravidez gemelar, tendo histórico de gêmeos na família ou não. Isso pode acontecer se a mulher ovula duas vezes no mesmo mês e os dois óvulos são fecundados (gêmeos não-idênticos, DNAs diferentes) ou quando o óvulo já fecundado divide-se em dois (gêmeos idênticos, mesmo DNA). Vale dizer que quanto mais se transa, mais chance de virem dois bebês (fica mais fácil fecundar dois óvulos)... ;)

Realmente, a gravidez gemelar é considerada de alto risco. Normalmente os gêmeos nascem um pouco prematuros, pois o útero se distende mais e induz ao parto antes da hora, e, com frequência, têm que passar alguns dias em incubadora. Também é óbvio que a mãe fica maior e mais pesada, assim os desconfortos da gravidez tendem a ser muito maiores. Os trabalhos com os bebês também tendem a ser maiores, afinal, um acorda com o choro do outro, pega a doença do outro.

E agora??? Não devo mais sonhar com gêmeos??? Se engravidar de gêmeos, dou um tiro na cabeça??? Veja bem essa foto:






Essa mamãe é a Aline, ela mora em Campina Grande. Acompanhei toda a gravidez dela, conversávamos pela internet. Olha que cara de sofrimento! kkkkk Ela é a mulher mais feliz do mundo com Nicole, a mais velha, e as gêmeas Ana Beatriz e Ana Gabriella. A gravidez foi difícil, sim, ela ficou muito inchada meeesmo. Mas tenho certeza de que ela não se arrepende nem por um momento, e facilmente escolheria passar por tudo de novo.


Gêmeos têm uma conexão única. Conheci dois irmãos gêmeos, César e Augusto, um deles, infelizmente, já falecido. Certa vez, Augusto sofreu um acidente de moto, e César estava em Las Vegas, sozinho, curtindo a vida. Foi dito e feito: na hora, César sentiu que havia algo errado. Começou a ligar desesperadamente para a família inteira até descobrir o acontecido e, mesmo sem muitas notícias, pegou imediatamente o avião para o Brasil, onde cuidou do irmão durante toda a sua recuperação.


A gravidez e os primeiros cuidados com gêmeos são, de fato, exaustivos, mas você terá irmãos que serão sempre amigos. Sempre. Que compartilharão roupas, brinquedos e sonhos. E se sua ideia for ter poucos filhos, de repente em uma só gravidez você está com a família pronta. É muito trabalho, mas é de uma vez só.




Se eu ficaria feliz em descobrir-me grávida de gêmeos? Claro!!! Quando soube que Alice estava sozinha no meu útero, fiquei levemente frustrada, hehehe! Tenho muito medo do trabalho, claro que tenho. Teria que ter muita ajuda, acho que só pai e mãe não dão conta mesmo, principalmente no meu caso, que já tenho uma de um aninho. Mas seria lindo um parzinho, de preferência não-idêntico, para encerrar meu ciclo de gravidezes.
























domingo, 4 de dezembro de 2011

Menino ou Menina?


Nem bem dizemos a mágica frase "Estou grávida!", e começam as especulações sobre o sexo do bebê. Em tempo, vale dizer que pela ultrassonografia é possível descobrir se é menino ou menina a partir da 12ª semana. Em casos como o da minha Alice, que estava o tempo todo com as pernas cruzadas, só deu pra ver na 16ª. Ô, gente... Quase fiquei louca com o povo perguntando se eu já sabia! Aff... E o massa é quando a gente já sabe que é menina, mas o povo insiste que a barriga tá pontuda, é menino... kkkkk

Pois bem. Existe um exame, chamado sexagem fetal, que permite saber o sexo desde o iniciozinho da gravidez. Funciona basicamente assim: uma parte do sangue do bebê passa para o sangue da mãe. Sabe-se que a mãe é mulher e, portanto, tem cromossomos XX. Colhe-se um pouco do sangue da mãe e faz-se a análise do cariótipo. Se só forem encontrados cromossomos X, a mulher está grávida de outra menina; se aparecer um ypisilonezinho no meio, está grávida de um menino. GENTE, A TECNOLOGIA É FANTÁSTICA!!!! Mas obviamente esse exame não é coberto pelos planos de saúde e é bem caro. Quando eu estava grávida da Alice, custava coisa de 500 reais. Hoje não sei a quantas anda. Ai, que vontade de gastar essa fortuna só pra saber se vou ter outra menina ou um garotão! Ninguém também está morrendo de curiosidade e querendo pagar pra eu fazer o teste?

Mas essa espera e a curiosidade alheia não são as únicas questões importantes quanto ao sexo do baby. Quando é o primeiro filho, é um tal de "Menina é mais calma", "Gravidez de menino deixa a mãe bonita, de menina deixa a mãe feia", etc, etc. Quando é o segundo, é uma torcida louca para que o bebê seja do sexo oposto - no meu caso, que venha um meninão. Ai, gente... Por quê? Qual o problema em ter três, quatro meninas? Ou um time de futebol de salão, só de meninos?

sábado, 3 de dezembro de 2011

Começando pelo começo: O POSITIVO!


Não interessa se você queria ou não engravidar. Não importa se você já tinha total convicção, na sua cabeça, de estar com um bebezinho se formando na barriga. Sério, tanto faz as condições anteriores ao bendito e irrefutável exame de sangue, o BETAHCG (sim, por que o de farmácia é confiável, mas o positivo da farmácia te faz correr e fazer um Beta). Quando você olha aquele exame, confere pela vigésima nona vez que é mesmo positivo, o sentimento de qualquer mulher é exatamente o mesmo: TOTAL INCREDULIDADE. Normalmente esse sentimento vem com uma momentânea paralisia. Não conseguimos sorrir, nem chorar. Aliás nem levantar a cabeça do exame a gente consegue.

Sim, meninas. O trabalho de auto-convencimento é um tanto quanto longo. Temos um exame que nos afirma categoricamente que estamos grávidas, mas nada no nosso corpo ou à nossa volta nos confirma isso. As pessoas nos dão os parabéns entusiasmadíssimas, e não entendemos direito o motivo. Ficamos meio em estado de choque por alguns dias, às vezes semanas. Não é à toa que uma gravidez dura nove meses, esse prazo é fundamental não só para a boa formação do bebê, mas para a preparação da cabeça dos pais.

O início de tudo é entender que existe uma grande diferença entre ESTAR GRÁVIDA e SENTIR-SE GRÁVIDA. Já me SEI grávida. Já vi esse exame que coloquei na fotiPublicar postagemnho ali em cima. Vamos aguardar o sentimento de mãe voltar com força total!