Vamos falar sobre baby blues?
São aproximadamente 40 semanas de preparação e, principalmente no último mês, muita ansiedade. Casa pronta, roupinhas prontas, fraldas, tudo ajeitadinho, só à espera da chegada da/o nova/o integrante da família. Enfim chega a hora, e a criança vem ao mundo. Nessa hora, a mulher se sente finalmente completa, plena, realizada, capaz, feliz... Será???
O baby blues, também conhecido como blues puerperal ou tristeza materna, atinge até 70% das mães e costuma iniciar entre o 3º e 5º dia do nascimento do bebê. Ele é caracterizado por dificuldades para dormir, choro excessivo (inclusive por pequenas coisas, tipo a roupinha não servir), mudanças de humor repentinas, irritabilidade, sentimentos de inadequação (não nasci pra isso, não sei cuidar dessa criança...), não se reconhecer mais.
A verdade é que o sistema patriarcal da nossa sociedade prega sempre que as mulheres foram feitas para o casamento e para a maternidade. Desde muito pequenas somos treinadas para cuidarmos dos afazeres domésticos e das crianças, brincamos de boneca, mamãe e filhinha... E crescemos tendo incutida em nossa mente a ideia de que é na maternidade que a mulher se torna plena, que ser mãe e criar os seres humanos da próxima geração é a nossa missão na vida. Antes de termos filhos, idealizamos e glamourizamos demais a maternidade, com imagens de uma criança tranquilamente adormecida em nossos braços e uma lagrimazinha de amor e felicidade escorrendo no canto dos nossos olhos, com um companheiro amoroso registrando as cenas e nos auxiliando em tudo. Em teoria, estamos prontas. Em teoria, sabemos exatamente o que fazer quando tivermos nosso bebê no colo.
Só que na prática não é assim que funciona. As crianças não vêm com manual de instruções e geralmente não seguem o script dos nossos sonhos. E a verdade é que a adaptação de mãe e bebê não é tão simples e mágica como crescemos acreditando.
Primeiro: as alterações hormonais pós-parto são violentíssimas! Os hormônios da gestação desaparecem e os da produção de leite começam a trabalhar. Segundo: há uma sensação de incerteza sobre o que vem a seguir. Terceiro: de repente as responsabilidades do cuidado com a criança podem parecer pesadas demais, afinal, você é a responsável por manter vivo, limpo, bem alimentado e acalentado aquele novo ser. Isso considerando-se que tudo corra conforme o esperado. Mas, além disso, muitas mães enfrentam dificuldades na amamentação, por exemplo, o que torna tudo um pouco mais complicado.
Essa sensação de melancolia pode se estender por algumas semanas após o nascimento, e pode ir e vir ao longo dos dias. Para atravessá-la, a mulher precisa APRENDER A PEDIR AJUDA. O ideal é que haja, no mínimo nos 40 dias que se seguem ao parto, alguém responsável por tudo o que não for o cuidado com o bebê, e que a mãe se concentre no vínculo e cuidado com o recém-nascido e em seu próprio descanso. Se isso não estiver acontecendo e bater esse blues, a mulher deve ligar pra mãe, pra doula, pra tia, pra prima... e dizer que precisa de um socorro. É esse auxílio, bastante descanso e o próprio tempo que vão reequilibrar as emoções e mandar a tristeza pra longe.
Ah, sim, muito importante! Cuidado para não confundir o baby blues com depressão pós-parto! Se esses sintomas forem acompanhados de ideias suicidas ou incapacidade de cuidar do bebê, ou se você tem histórico de depressão na família e perceber que os sintomas estão muito intensos, procure apoio especializado!
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