domingo, 2 de agosto de 2015

Baby Blues

Vamos falar sobre baby blues?
São aproximadamente 40 semanas de preparação e, principalmente no último mês, muita ansiedade. Casa pronta, roupinhas prontas, fraldas, tudo ajeitadinho, só à espera da chegada da/o nova/o integrante da família. Enfim chega a hora, e a criança vem ao mundo. Nessa hora, a mulher se sente finalmente completa, plena, realizada, capaz, feliz... Será???
O baby blues, também conhecido como blues puerperal ou tristeza materna, atinge até 70% das mães e costuma iniciar entre o 3º e 5º dia do nascimento do bebê. Ele é caracterizado por dificuldades para dormir, choro excessivo (inclusive por pequenas coisas, tipo a roupinha não servir), mudanças de humor repentinas, irritabilidade, sentimentos de inadequação (não nasci pra isso, não sei cuidar dessa criança...), não se reconhecer mais.
A verdade é que o sistema patriarcal da nossa sociedade prega sempre que as mulheres foram feitas para o casamento e para a maternidade. Desde muito pequenas somos treinadas para cuidarmos dos afazeres domésticos e das crianças, brincamos de boneca, mamãe e filhinha... E crescemos tendo incutida em nossa mente a ideia de que é na maternidade que a mulher se torna plena, que ser mãe e criar os seres humanos da próxima geração é a nossa missão na vida. Antes de termos filhos, idealizamos e glamourizamos demais a maternidade, com imagens de uma criança tranquilamente adormecida em nossos braços e uma lagrimazinha de amor e felicidade escorrendo no canto dos nossos olhos, com um companheiro amoroso registrando as cenas e nos auxiliando em tudo. Em teoria, estamos prontas. Em teoria, sabemos exatamente o que fazer quando tivermos nosso bebê no colo.
Só que na prática não é assim que funciona. As crianças não vêm com manual de instruções e geralmente não seguem o script dos nossos sonhos. E a verdade é que a adaptação de mãe e bebê não é tão simples e mágica como crescemos acreditando.
Primeiro: as alterações hormonais pós-parto são violentíssimas! Os hormônios da gestação desaparecem e os da produção de leite começam a trabalhar. Segundo: há uma sensação de incerteza sobre o que vem a seguir. Terceiro: de repente as responsabilidades do cuidado com a criança podem parecer pesadas demais, afinal, você é a responsável por manter vivo, limpo, bem alimentado e acalentado aquele novo ser. Isso considerando-se que tudo corra conforme o esperado. Mas, além disso, muitas mães enfrentam dificuldades na amamentação, por exemplo, o que torna tudo um pouco mais complicado.
Essa sensação de melancolia pode se estender por algumas semanas após o nascimento, e pode ir e vir ao longo dos dias. Para atravessá-la, a mulher precisa APRENDER A PEDIR AJUDA. O ideal é que haja, no mínimo nos 40 dias que se seguem ao parto, alguém responsável por tudo o que não for o cuidado com o bebê, e que a mãe se concentre no vínculo e cuidado com o recém-nascido e em seu próprio descanso. Se isso não estiver acontecendo e bater esse blues, a mulher deve ligar pra mãe, pra doula, pra tia, pra prima... e dizer que precisa de um socorro. É esse auxílio, bastante descanso e o próprio tempo que vão reequilibrar as emoções e mandar a tristeza pra longe.
Ah, sim, muito importante! Cuidado para não confundir o baby blues com depressão pós-parto! Se esses sintomas forem acompanhados de ideias suicidas ou incapacidade de cuidar do bebê, ou se você tem histórico de depressão na família e perceber que os sintomas estão muito intensos, procure apoio especializado!

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