É isso. Não importa se a sua gravidez foi super planejada e desejada ou se foi aquele escorregão mor, olhar para o teste e ver o positivo gera uma sensação de total e completa perplexidade. Ficamos olhando aqueles dois tracinhos ou aqueles números elevados e tentando entender se aquilo que estamos vendo é mesmo aquilo que estamos vendo. E rimos, ou choramos, ou rimos e choramos, tentando absorver a mudança fenomenal que nossa vida vai ter nos próximos meses.
Os três primeiros meses da gestação são marcados por uma confusão de marca maior! Visualmente, não há nada que indique que há uma criança se formando em nosso ventre. Acordamos sempre nos perguntando se é aquilo mesmo, se estamos grávidas de verdade. Muitos medos começam a nos assaltar: medo de perder a criança, medo da relação do pai do bebê com nossa(o) filha(o), medo do parto, medo de perder o emprego, medo de não conseguir cuidar... No caso de gravidez por escorregão, ainda há toda a confusão de aceitar ou não a gravidez, de não querer o bebê, de pensar que não é a hora... Pois é, minhas lindas! Essa confusão mental, esses sentimentos tão antagônicos e controvertidos, vão se juntar às incríveis transformações físicas (aumento GIGANTESCO da produção de hormônios, início do crescimento do útero, multiplicação desenfreada das células que formarão o feto, aumento do volume das mamas, etc., etc., etc.) e gerar os famosos sintomas do primeiro trimestre, a partir dos quais muitas descobrem a gravidez. Enjoos, vômitos, sonolência, cólicas, dores nas pernas... Engraçado como uma coisinha tão pequena vira nossa vida de cabeça para baixo. Então o primeiro trimestre é um momento da grávida se voltar para ela mesma... Refletir muito, entrar em contato com esses sentimentos confusos, aceitá-los, processá-los; descansar quando o corpo pedir, manter-se bem hidratada, relaxar, meditar... É hora de a gente tentar reduzir um pouco o ritmo frenético do cotidiano e olhar para nós mesmas e para nosso pequeno bebezinho.
O segundo trimestre é considerado o mais gostoso da gravidez. Aqui começamos a fisicamente parecer grávidas. A gravidez já é um fato consolidado, os medos e sentimentos antagônicos do início da gestação estão apaziguados, já aparece a barriguinha, começamos a sentir o bebê mexendo, mas ainda não temos os incômodos de quando ele está mais perto de nascer. Normalmente é nesse momento que a grávida sente um aumento considerável de energia, de vitalidade. Esse é um bom momento para preparar o enxoval do bebê, arrumar o quartinho (ou cantinho do nosso quarto, hehehe), planejar um chá de bebê e, principalmente, planejar o nascimento dessa criança. Buscar muuuuuuita informação sobre todas as vias e locais de parto, cuidados ao recém-nascido, e pensar no que nos deixa seguras. Uma doula e as rodas de grávidas vão ajudar demais nisso!
Por fim, chega o terceiro trimestre. Nosso amontoadinho de células já virou um bebezinho, e pesa! A barriga fica enorme, o umbigo salta, fica difícil respirar, comer, dormir, sentar, levantar, trabalhar, buscar um copo d’água... Os seios ficam enormes, os mamilos ficam grossos, a aréola cresce... Começa aquela dorzinha sofrida na “perseguida”... Emocionalmente, voltamos a ter medo... Medo de esquecer alguma coisa, medo de engordar demais, medo do parto, medo de sermos desrespeitadas em nossas escolhas, medo da grande mudança que irá se operar... No final da gravidez, ficamos frágeis e vulneráveis. Queremos ver logo o rostinho da nossa criança, mas ao mesmo tempo tememos esse momento. Por isso é tão importante que tenhamos ao nosso redor uma rede de proteção, que segure nossa mão e nos acalme, que nos diga que tudo está como tem que ser... Por isso é fundamental ter uma doula, uma boa equipe médica, uma família bem informada.
Toda a gravidez nos leva para este momento, para estarmos física e emocionalmente equilibradas para receber uma nova vida. Os nove meses não são apenas o tempo necessário para a criança se formar e se desenvolver: são também o tempo necessário para processar, aceitar, planejar e organizar a chegada de um novo ser.
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